sábado, 24 de setembro de 2011

ALUNOS COM SINAIS DE DEFICIÊNCIA VISUAL E AUDITIVA

 

Como perceber se o seu aluno tem sinais de deficiência?
Muitas vezes, é o professor que consegue perceber que a criança tem alguma dificuldade. Sua função é avisar a família, orientando-a para procurar ajuda especializada. Mas isso não é um diagnóstico, cabe somente ao profissional especializado realizá-lo.

Deficiência visual
Possíveis sinais de deficiência visual:
  • Irritação constante nos olhos;
  • Aproximar muito o rosto do papel, quando escreve e lê;
  • Dificuldade para copiar material da lousa à distância;
  • Olhos franzidos para ler o que está escrito na lousa;
  • Cabeça inclinada para ler ou escrever, como se procurasse um ângulo melhor para enxergar;
  • Tropeços freqüentes por não enxergar pequenos obstáculos no chão;
  • Nistagmo (olho trêmulo);
  • Estrabismo (vesgo);
  • Dificuldade para enxergar em ambientes muito claros ou escuros.
  • Se houver alunos com deficiência visual na sua sala
  • Leia ou peça para alguém ler o que está escrito na lousa;
  • Sempre que possível, passe a mesma lição que foi dada para a classe;
  • Procure o apoio do professor especializado, que ensinará à criança o sistema braile e acompanhará o processo de aprendizagem;
  • Busca de recursos pedagógicos para o aluno com deficiência é um direito dele;
  • Disponibilize com antecedência os textos e livros para o curso;
  • Se possível, o material de estudo deve ser fornecido sob a forma de textos ampliados, textos em braile, textos e aulas gravadas em áudio ou em disquete, de acordo com as necessidades do aluno e a possibilidade da escola. O aluno poderá, ainda, precisar utilizar auxílios ópticos e computadores com programas adaptados, assim como apoio para trabalho de laboratório e do pessoal da biblioteca;
  • Durante as aulas, é útil identificar os conteúdos de uma figura e descrever a imagem e a sua posição;
  • Substitua os gráficos e tabelas por outras questões ou utilize gráficos simples em relevo;
  • Transcreva para braile as provas e outros materiais;
  • Possibilite usar formas alternativas nas provas: o aluno pode ler o que escreveu em braile; fazer gravação em fita K-7 ou escrever com tipos ampliados;
  • Amplie o tempo disponível para a realização das provas;
  • Evite dar um exame diferente, pois isso pode ser considerado discriminatório e dificulta a avaliação comparativa com os outros estudantes;
  • Ajude só na medida do necessário;
  • Tenha um comportamento o mais natural possível, sem super proteção, ou pelo contrário, ignorá-lo.
Deficiência auditiva
Sinais de deficiência auditiva:
  • As primeiras palavras aparecem tarde (3 a 4 anos);
  • Não responde ao ser chamado em voz normal;
  • Quando está de costas, não atende ao ser chamado;
  • Fala em voz muito alta ou muito baixa;
  • Vira a cabeça para ouvir melhor;
  • Olha para os lábios de quem fala e não para os olhos;
  • Troca e omite fonemas na fala e na escrita.
Como você pode ensinar um aluno surdo?
Você pode desenvolver o processo de aprendizagem com o aluno surdo adotando a mesma proposta curricular do ensino regular, com adaptações que possibilitem:
  • o acesso ao conteúdo, utilizando sistemas de comunicação alternativos, como a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a mímica, o desenho, a expressão corporal;
  • a utilização de técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação compatíveis com as necessidades do aluno surdo, sem alterar os objetivos da avaliação, como, por exemplo, maior valorização do conteúdo em detrimento da forma da mensagem expressa.
Sugestões de apoio ao aluno com deficiência auditiva:
  • Os alunos com deficiências auditivas devem ficar sempre na primeira fila na sala de aulas. Dependendo da condição sócio-econômica da família e do tipo de surdez, o aluno pode utilizar um recurso acústico (Aparelho Auditiva e/ou Sistema de FM), para amplificar o som da sala;
  • Há alunos que conseguem ler os movimentos dos lábios. Assim, o professor e os colegas devem falar o mais claramente possível, evitando voltar-se de costas enquanto fala. É extremamente difícil para estes alunos anotarem nas aulas, durante a exposição oral da matéria, principalmente aqueles que fazem leitura labial enquanto o professor fala;
  • É sempre útil fornecer uma cópia dos textos com antecedência, assim como uma lista da terminologia técnica utilizada na disciplina, para o aluno tomar conhecimento das palavras e do conteúdo da aula a ser lecionada. Pode também justificar-se a utilização de um intérprete que use a língua brasileira de sinais;
  • Este estudante pode necessitar de tempo extra para responder aos testes;
  • Fale com naturalidade e clareza, não exagerando no tom de voz;
  • Evite estar em frente à janela ou outras fontes de luz, pois o reflexo pode obstruir a visão;
  • Quando falar, não ponha a mão na frente da boca;
  • Quando utilizar o quadro ou outros materiais de apoio audiovisual, primeiro exponha os materiais e só depois explique ou vice-versa (ex.: escreva o exercício no quadro ou no caderno e explique depois e não simultaneamente);
  • Repita as questões ou comentários durante as discussões ou conversas e indique (por gestos) quem está a falar, para uma melhor compreensão por parte do aluno;
  • Escreva no quadro ou no caderno do aluno datas e informações importantes, para assegurar que foram entendidas;
  • Durante os exames, o aluno deverá ocupar um lugar na fila da frente. Um pequeno toque no ombro dele poderá ser um bom sistema para chamar-lhe a atenção, antes de fazer um esclarecimento.
O trabalho pedágogico do Berçário e
Mini-Maternal. Orientações para uma prática
inclusiva na Educação infantil

Cuidar e Educar
Compreende-se hoje que cuidar da criança é atender suas necessidades físicas oferecendo-lhe condições de se sentir confortável em relação ao sono, à fome, à sede,à higiene, à dor, etc. Mas não apenas isto. Cuidar inclui acolher, garantir a segurança e alimentar a curiosidade e expressividade infantis. Nesse sentido, cuidar é educar, dar condições para as crianças explorarem o ambiente e construírem sentidos pessoais, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de modo único das formas culturais de agir, sentir e pensar. Inclui ter sensibilidade e delicadeza, sempre que necessário, além de cuidados especiais conforme as necessidades de cada criança. Portanto, cuidar e educar são dimensões indissociáveis de todas as ações do educador. Assim, pode-se dizer que educar e cuidar da criança implica:
• acolhê-la nos momentos difíceis, fazê-la sentir-se confortável e segura, orientá-la sempre que necessário e apresentar-lhe o mundo da natureza, da sociedade e da cultura, aqui incluindo as artes e a linguagem verbal;
• garantir uma experiência bem-sucedida de aprendizagem a todas as crianças sem discriminar aquelas que apresentam necessidades educacionais especiais ou que pertencem a determinadas etnias ou condições sociais;
• trabalhar na perspectiva de que as próprias crianças aprendam a se cuidar mutuamente, busquem suas próprias perguntas e respostas sobre o mundo e respeitem suas diferenças, promovendo-lhes autonomia.

Sugestões de atividades pedagógicas para berçário e mini-maternal nas diferentes áreas curriculares da Educação Infantil.

Movimento



BERÇÁRIO  1
As crianças, desde bebês, podem ser incentivadas a explorar com progressiva autonomia, presteza e confiança os diferentes desafios oferecidos pelo espaço para além do berço, por meio de movimentos rudimentares e básicos, tais como erguer a cabeça, rolar, sentar, apoiar, rastejar e engatinhar. Também podem aprender a manipular e explorar diferentes objetos, utilizando-se dos movimentos básicos tais como pegar, largar, levar à boca, chutar, lançar de diferentes modos, empilhar, encaixar, etc.  
Os bebês podem ser ajudados a familiarizar-se com a própria imagem corporal,
discriminando sensações e percepções ligadas aos diferentes segmentos do corpo, especialmente por meio da interação com os outros parceiros, do toque e uso do espelho.



BERÇÁRIO 2
Com a conquista da marcha, as crianças podem explorar desafios maiores oferecidos pelo espaço por meio de movimentos coordenados rudimentares e básicos (erguer a cabeça, rolar, sentar, apoiar, rastejar, engatinhar), mas também andar, correr, saltar, saltitar, pular para baixo, subir, etc, com maior autonomia, presteza e confiança. Elas podem ser apoiadas a manipular e
explorar objetos de diferentes características (formas, pesos, texturas, tamanhos, etc.) utilizando-se de movimentos básicos (pegar, largar, levar à boca, chutar, lançar de diferentes modos, empilhar, encaixar, etc.) igualmente com autonomia, presteza e confiança progressiva.
As crianças podem aprender a familiarizar-se com a própria imagem corporal e a discriminar, no que se refere às sensações e percepções, as suas diferentes partes, por meio do toque, interação com diferentes parceiros (adultos e crianças de diferentes faixas etárias), brincadeiras, uso do espelho, fotografia, imagens de corpo humano, etc.



MINI- MATERNAL  E MATERNAL
As crianças podem continuar a ser incentivadas a explorar os diferentes desafios oferecidos pelo espaço por meio de movimentos coordenados básicos (como andar, correr, saltar, saltitar, pular para baixo, subir, escalar, trepar, arrastar-se, pendurar-se,balançar-se, equilibrar-se, etc.) com maior autonomia, presteza e confiança, e aprender a orientar-se corporalmente com relação a: em frente, atrás, no alto, em cima, embaixo, dentro, fora. Também podem aprender a usar os movimentos básicos de pegar, lançar, encaixar, empilhar, etc. com mais destreza e autonomia na manipulação e exploração de diferentes objetos
As crianças podem apropriar-se da própria imagem corporal, por meio dos recursos já mencionados e podem aprender a discriminar e nomear as diferentes partes do próprio corpo e o do outro. Podem controlar gradualmente o próprio movimento, ajustando suas habilidades às diferentes situações das quais participa (brincadeiras e atividades cotidianas) e conhecer as potencialidades e limites do próprio corpo. Com isso desenvolvem uma atitude positiva com relação a seu corpo e ao do outro, assim como prazer ao movimentar-se.


BRINCADEIRAS


BERÇÁRIO 1
 Desde cedo as crianças podem aprender a brincar com as professoras de esconder e descobrir o rosto, a procurar e achar objetos que foram escondidos, a esconder-se em algum canto da sala e ser encontrado, a jogar bola.
Podem aprender a encaixar peças de madeira ou empilhar cubos, e a participar com os companheiros de brincadeiras de roda, cirandas, imitando gestos e vocalizações do professor e dos colegas.
Na interação com outros bebês, podem se envolver em turnos de troca
de objeto, ritmar uma mesma ação. Por exemplo, bater com as mãos sobre uma superfície, entrar e sair de espaços pequenos.

BERÇÁRIO 2
As formas de brincar já experimentadas podem prosseguir e novas aprendizagens podem ser estimuladas: brincar de roda ou de cirandas imitando gestos e cantos do professor e dos colegas; brincar de esconde-esconde, de jogar bola, de correr, com a supervisão do professor; imitar gestos e vocalizações de adultos, crianças ou animais, usar alguns objetos de um modo inusitado e em substituição de outros (por exemplo, fazer gesto de passar um toquinho de madeira no corpo como se ele fosse um sabonete).

MINI- MATERNAL
As crianças podem aprender a participar de cirandas e brincadeiras de roda, cantando e fazendo os gestos esperados sem precisar ter o professor como modelo, a brincar de esconde – esconde e pega-pega, a jogar bola com supervisão do professor.
Elas podem ampliar a imitação de gestos, posturas e vocalizações de modelos (adultos, crianças, animais ou personagens de histórias) na ausência deles e a imitação de objetos (o som do relógio, o movimento de um carro). Podem ser
apoiadas a assumir papéis ao reproduzirem situações cotidianas no faz-de-conta mediado por objetos e indumentárias, ou a imitar as ações de um personagem de uma história lida (imitar o lobo da história,
caminhar como os sete anões cantando na floresta).
Podem aprender a brincar com marionetes reproduzindo falas simples de personagens que memorizaram ou que inventam.
Elas podem ainda aprender a construir, com o auxilio do professor, brinquedos com sucatas a partir de modelos, casas ou castelos com areia, sucata, tocos de madeira e outros materiais.










LINGUAGEM ORAL E ESCRITA


BERÇÁRIOS e MINI-MATERNAL
As crianças que vivem em um contexto comunicativo, rico em interações, podem, desde muito cedo, progressivamente aprender a expressar seus desejos, sentimentos e necessidades por meio de gestos e balbucios, e participar de situações mais coletivas de comunicação, ainda que não seja uma roda de conversa propriamente dita, onde têm oportunidade de manter contato com outros falantes, observá-los, imitá-los, etc. Elas podem aprender, com apoio do professor, a organizar oralmente as etapas de uma instrução, como seguir uma receita ou as regras para uma brincadeira, por exemplo.



BERÇÁRIOS
Nas interações que estabelecem com o professor, as crianças podem ser ajudadas a organizar seus balbucios em expressões que podem ser compreendidas por qualquer falante de sua língua. Elas podem participar de uma situação mais coletiva de comunicação, ainda que não seja
uma roda de conversa propriamente dita, e expressar-se oralmente com o apoio do professor, que as auxilia a relatar ao seu modo suas brincadeiras ou fatos do cotidiano.


MINI-MATERNAL
As crianças podem aprender a participar de espaços de conversa coletiva, apoiando-se não apenas na fala complementar do professor, mas
também em sua memória e em seus próprios recursos expressivos.
As crianças podem aprender a reconhecer e usar rimas em suas brincadeiras, espontaneamente, acionando os textos da tradição oral de memória, ou identificando e acompanhando a leitura do professor.
As crianças podem reproduzir os comportamentos, a gestualidade e a postura que o professor adota quando lê para ela, tais como ler a partir da capa, virar as páginas do livro sucessivamente, etc., reconhecer no livro as histórias que lhe são lidas, procurar por e/ou pedir ao professor diferentes livros de sua preferência, reconhecer passagens de histórias a partir das imagens/ ilustrações de um livro.




BERÇÁRIO 1
Os bebês podem ser apoiados a acompanhar a cantoria de parlendas, cantigas ou brincadeiras cantadas, expressando-se corporalmente, emitindo sonorizações, vocalizando com o apoio do professor, etc.
As crianças podem ser ajudadas a distinguir a entonação do professor quando ele conta histórias e quando se comunica em situações cotidianas, por exemplo.

BERÇÁRIO 2
As crianças podem aprender a reconhecer e recitar parlendas e outros textos da tradição oral, tais como quadrinhas, adivinhas etc.
As crianças podem acompanhar verbalmente contos de repetição a partir das narrações do professor e narrar trechos de histórias utilizando recursos expressivos próprios.

 


NATUREZA E SOCIEDADE


Emei, creches e Emeiis devem, caracterizar-se como espaços onde as crianças encontrem, desde cedo, espaço vivo de informações sobre diferente conteúdos que compõem o universo de conhecimentos construídos pelas ciências naturais e sociais. A compreensão do mundo natural, físico e social acompanha o constante esforço que cada criança faz para singularizar-se, para perceber-se como única, como pessoa diferente das demais, mas incluída em um projeto humano solidário onde as mais variadas pessoas se colocam em busca de formas de justiça social e de preservação do planeta.


BERÇÁRIO 1
 Os bebês podem brincar com água e areia, ou terra, pasta de maisena ou outros materiais e explorar texturas e algumas propriedades simples dos materiais, como, por exemplo, a temperatura e consistência. Em suas atividades, podem ser incentivados a notar variações de sons (alto, baixo, grave, agudo), assim como variações de localizações (esquerda, direita).

BERÇÁRIO 2
 As crianças podem ser incentivadas a iniciar pequenas explorações com alimentos, objetos e cheiros que ampliam suas experiências com sensações visuais, auditivas, gustativas e olfativas. Podem aprender a observar reações de causa e efeito se forem estimuladas a agir sobre objetos para ver como eles reagem: chutar bola de modo forte e fraco, misturar terra e água, por
exemplo. Elas podem ainda aprender a reconhecer a si pelo próprio nome, assim como a seus pais e amigos mais próximos e os diferentes adultos que têm contato direto nos espaços da escola.


MINI-MATERNAL
 As crianças podem aprender a agir sobre objetos e materiais, com ajuda do professor, fazendo misturas de água e areia ou modelando a massinha produzida, criando misturas.
Por exemplo, mingau grosso de água e maisena, e pesquisar algumas características físicas, ou seja, consistência (duro, mole), temperatura (quente, frio), peso (leve, pesado). Podem aprender a observar diferenças e semelhanças entre o estado inicial e final dessas misturas e pensar sobre
problemas simples, como por exemplo, como fazer para uma mistura ficar mais “molinha”, ou como deslocar um objeto pesado. Podem observar sua imagem refletida no espelho, observar outras pessoas e comparar algumas de suas características pessoais, como cor e tamanho do cabelo, número de dentes, altura. Podem familiarizar-se com formas de organizações sociais: aprender
a viver com o outro, conhecer e aprender a lidar com regras e combinados, acalentar o amigo quando este está triste ou chorando, conforme aprendem a realizar brincadeiras e tarefas em dupla ou grupo – guardar brinquedo numa caixa, brincar de fazer “melecas” de água e terra, ou água e areia. Podem reconhecer diferenças e semelhanças entre sua organização familiar e a das
outras crianças e identificar seus colegas e outros adultos dos espaços de educação infantil pelo nome. Podem aprender a observar animais, em livros, revistas e filmes, a reconhecer os sons por eles produzidos, sua pelagem, forma do corpo, presença de bico, localização dos olhos e outras
características físicas externas, além de alimentação e moradia, e podem aprender sobre formas de registro e pesquisa em diferentes fontes. OS


BERÇÁRIOS E MINI-MATERNAL
Uma consideração especial considerando as características do pensamento das crianças menores de Berçários I e II e Mini- maternal, é evidente que não se pode falar em ensinar Matemática, por outro lado, também não se pode negar que algumas experiências são essenciais e devem ser tomadas com intencionalidade por parte do professor, pois as tantas experiências vividas nas situações de brincadeiras já trazem elementos que a cada tempo vão se modificando e transformando em informações relevantes para aprendizagem da
matemática propriamente dita. Tomar estas experiências isoladamente certamente não faz nenhum sentido, por essa razão, o mais adequado é apontar para situações que favoreçam as aprendizagens relacionadas ao conhecimento matemático, mas sem descolar de todo conjunto que compõe as aprendizagens neste momento de desenvolvimento. Criar um espaço específico para o “ensino da matemática” no currículo de  EMEIs significaria desconsiderar como pensam as crianças neste faixa etária além de propor um desmembramento nada indicado. Sendo assim, intensificar as brincadeiras com objetos para serem amassados, deslocados, ou ainda propostas para as crianças se movimentarem enfrentando obstáculos, em direção a alguém ou a alguma coisa são experiências que ajudam as crianças a começar a compreender suas relações com os objetos e com o espaço. Trata-se de uma aproximação global que mais tarde ganha sentido no corpo dos conhecimentos matemáticos. Para tanto, o professor precisa favorecer e organizar experiências envolvendo diversas explorações do espaço e dos objetos 


Berçário 1 e 2 e Mini- Maternal  
Manipular, explorar e observar quantidades.
Priorizar o trabalho com o lúdico de forma a atender as necessidades reais de contagem.
Aprender a se deslocar ou deslocar objetos no espaço – andar, correr, arrastar ou empurrar sem esbarrar em pessoas ou objetos, deslocar-se em espaços para além da sala do grupo e explorar os diferentes caminhos para se chegar a um mesmo lugar e deslocar-se enfrentando obstáculos presentes nos trajetos: subindo, descendo, pulando, passando por cima, por baixo, rodeando, equilibrando-se -, de preferência sem a ajuda de um adulto, são aprendizagens que se ligam à organização espacial. Outras aprendizagens que podem ser estimuladas são: procurar objetos ou pessoas escondidos em diferentes lugares, manipular objetos de diferentes formatos e tamanhos
e utilizar o conhecimento de suas propriedades para explorá-los com maior intencionalidade, ou manipular objetos variados de novas maneiras, empilhá-los do menor para o maior e vice e versa, e produzir novos sons, novas formas, novos usos para os mesmos.


Música


 BERÇÁRIO 1
 Os bebês podem ser apoiados a perceber os sons do ambiente e a reagir a sons e músicas.
Podem reconhecer suas músicas preferidas acompanhando-as por meio de movimento corporal.

BERÇÁRIO 2
 As crianças podem produzir sons batendo, sacudindo, chacoalhando etc. objetos sonoros e instrumentos musicais diversos, usando o próprio corpo e a voz. Podem ser convidadas a explorar as qualidades sonoras (intensidade, duração, timbre, altura) de objetos e instrumentos musicais diversos, mesmo sem reconhecê-las convencionalmente. Podem ainda aprender a explorar as possibilidades expressivas da própria voz.

MINI-MATERNAL
As crianças podem ser desafiadas a cantar, sozinhas ou em grupo, partes ou frases das canções que já conhecem, a participar de brincadeiras musicais e a relacionar a música com a expressão corporal e a dança. Podem aprender a identificar diferentes paisagens sonoras, percebendo suas qualidades: aprender a identificar o silêncio, a identificar sons da natureza (cantos de pássaros, “vozes” de animais, barulho do vento, da chuva etc.) ou da cultura (vozes humanas, instrumentos musicais, máquinas, objetos e outras fontes sonoras). Elas podem aprender a reconhecer diferentes qualidades dos sons, ainda que não saibam nomeá-las convencionalmente, e a apreciar músicas instrumentais e diferentes expressões da cultura musical brasileira, bem como de outras culturas.
Podem também aprender a reconhecer e demonstrar sua preferência por músicas instrumentais, canções, acalantos, cantigas de roda, parlendas, trava-línguas, mnemônicas, adivinhas etc, cantar e participar de brinquedos de roda e jogos musicais.


 

ARTE

BERÇÁRIO 1
 As crianças podem ser incentivadas a observar e explorar os ambientes internos e externos de seu entorno onde podem ter acesso a diferentes manifestações no campo visual: desenho, pintura, fotografia, artesanato etc., e a demonstrar, por meio do olhar, de sorrisos, de gestos, de interjeições etc., suas preferências por determinados objetos, sejam eles bi ou tridimensionais. As crianças podem observar outras crianças desenhando e aprender a marcar diversos suportes com suas garatujas básicas
 As crianças podem ser apoiadas a observar as transformações das cores nas misturas de composições não tóxicas, mais especificamente sucos, mingau de beterraba, gelatina, etc. Elas também podem experimentar e articular visualmente as diferentes relações de claro e escuro na natureza e nos meios artificiais, como a pintura, a fotografia, o cinema, etc.

BERÇÁRIO 2
 As crianças podem não apenas observar, mas também começar a explorar algumas das manifestações do campo visual. No contato com um ambiente visual voltado ao desenvolvimento de sua criatividade, as crianças podem reconhecer sua marca gráfica entre as produções de outras crianças e
apontar sua produção entre as expostas na sala ou na roda de observação das produções do grupo.
As crianças podem aprender a utilizar diferentes ferramentas, suportes e materiais e diferentes posições espaciais e corporais para desenhar: sentado, em pé, deitado de bruços, etc., para explorar diversas possibilidades de traçar garatujas, desde as mais desordenadas até os diagramas, radiais, etc.
As crianças podem usar diferentes materiais e ferramentas na exploração de objetos e fenômenos que envolvam a ocorrência das cores, explorar massas de cor e alterar sua aparência e/ou sensação tátil. Por exemplo, tornando-as mais ou menos diluída, mais ou menos opaca, etc.



MINI-MATERNAL
 As crianças podem ser ajudadas a constituir um repertório de imagens de referência e aprender a reconhecê-las na ilustração de livros, em cartazes fixados na parede, etc. Elas podem aprender a expressar suas ideias e sensações sobre tais imagens por meio de sua fala, do corpo ou de outras experimentações artísticas nas mais variadas linguagens
As crianças podem aprender a orientar-se na produção de seus desenhos por
conhecimentos tipicamente visuais – tais como a ordenações de espaços vazios, cheios, abertos, fechados, seja em plano bidimensional ou tridimensional, a reconhecer seus desenhos, distinguindo os dos de outras crianças e a comentar
As crianças podem progressivamente aprender a usar diferentes materiais e ferramentas para explorar objetos e fenômenos que envolvam diferentes possibilidades da cor para criar padrões de preenchimento variados (imprimindo, carimbando, pintando, preenchendo, etc.), nas produções de
desenhos, pinturas e criação de demais objetos bidimensionais ou tridimensionais.
Também se espera que todo o conhecimento sobre as cores, suas texturas, aparência, etc., conhecimentos construídos desde muito cedo nas brincadeiras com as melecas, possa dar às crianças, possibilidade de se expressarem visualmente controlando a sobreposição de cores para alterar sua aparência, consistência e/ou sensação tátil. As crianças podem ser incentivadas a explorar relações de peso, tamanho, volume e direção das formas bidimensionais ou tridimensionais ao construir formas planas e volumosas, e considerar suas relações com os espaços tridimensionais, seja por meio da escultura, modelagem, instalação, etc. Podem expressar sensações a partir da exploração de materiais com texturas diversas e utilizá-los, assim como diferentes ferramentas para ordenar no espaço formas variadas de objetos bidimensionais ou tridimensionais, seja desenhando, imprimindo, carimbando, pintando, preenchendo, etc. Podem, além disso, experimentar diferentes pesos das formas e as relações de equilíbrio na construção de objetos tridimensionais e aprender os procedimentos de sustentação de um meio tridimensional: agregar, escavar, desgastar, aplainar, etc.



BERÇÁRIOS 1 e 2
As crianças podem explorar as relações de peso, tamanho, volume e direção
das formas tridimensionais, explorar espaços bidimensionais e tridimensionais utilizando materiais e ferramentas diferentes e construir conhecimentos sobre o equilíbrio das formas, pesos e tamanhos dos diferentes objetos que compõem seus primeiros jogos: os blocos de construções, as caixas de empilhar e encaixar, etc. As crianças podem ainda explorar suficientemente o espaço de seu entorno e movimentar-se nele com autonomia e independência.

IDENTIDADE E AUTONOMIA


Ao longo de sua experiência cotidiana na creche  ou EMEI, as crianças necessitam: apropriar-se de hábitos regulares de higiene pessoal (interessar-se por lavar as mãos, limpar o nariz sozinho, escovar os dentes com cuidado, usar corretamente os materiais necessários para sua higiene, ter as mãos e o rosto limpo em certas ocasiões), perceber a vontade de ir ao banheiro e ter progressivo controle de esfíncteres, aprender a executar movimentos colaborativos ao vestir-se ou desnudar-se (como colocar (ou tirar) os sapatos, (des)abotoar-se, etc.), a comer sem ajuda e usar talheres adequadamente, a escolher o que quer comer ao servir-se de comida e a expressar preferências em relação a cheiros e paladares.
Outra aprendizagem necessária às crianças é buscar segurança e conforto: reconhecer situações de potencial perigo e tomar precauções para evitá-las. Não colocar mão suja na boca, não comer terra, plantas, tinta, não subir em lugares altos sem ajuda, a ter cuidado com o manuseio de materiais
pontiagudos. Necessitam aprender a tomar cuidados necessários à proteção do corpo conforme manipulam tintas, argilas, colas, etc., e também ao brincar, explorar espaços e praticar ações físicas como subir, descer, pular, saltar, rolar, etc., identificar produtos que não devem ser ingeridos e saber
por que não devem fazer uso de medicações sem orientação dos adultos.
A criança pode aprender a familiarizar-se com a própria imagem corporal, a expressar corporal e/ou verbalmente.  
Reconhecer sensações produzidas por diferentes estados fisiológicos e comunicar ao professor que está com sede, fome, dor, frio, etc., e a solicitar aconchego em situações cotidianas. Pode ainda aprender a conhecer seus recursos e limitações pessoais em determinadas situações, identificar elementos que lhe provocam medo e buscar
ajuda para superá-lo, ter uma atitude ativa diante de uma dificuldade superável e ficar satisfeito com suas conquistas.







Inclusão na Educação Infantil


Todos iguais, apesar de diferentes: a inclusão de crianças
com necessidades educacionais especiais.

Tem sido uma conquista muito grande em nossa sociedade modificar a forma como as crianças com algum tipo de deficiência ou problema de desenvolvimento vinham sendo educadas. Cada vez mais se entende que a medida correta para se lutar por uma sociedade mais igualitária é assegurar a todas as crianças com necessidades educacionais especiais condições de acesso e permanência nas EMEIs onde podem ter contato com diversas experiências e conteúdos que lhes favoreçam sua aprendizagem e seu desenvolvimento. “É fundamental que a inclusão escolar de todas as crianças tenha início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa
etapa, ludicidade , o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a
riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos e sociais
e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais,
o respeito e a valorização da criança” (Versão Preliminar: POLÍTICA
NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, MEC/SSESP, 2007.p. 16).
O desafio colocado ao professor das instituições de educação infantil é perceber cada criança com necessidades educacionais especiais para apoiá-la em suas especificidades, promovendo situações de interação com as outras crianças que favoreçam a transformação e ampliação do seu repertório cultural, maximizando suas aprendizagens. Seu planejamento deverá possibilitar o envolvimento dessas crianças e das demais em vários momentos e em diferentes atividades que podem ocorrer simultaneamente em pequenos grupos.
 “As necessidades decorrentes de limitações não devem ser ignoradas,
negligenciadas, ou confundidas com concessões ou necessidades fictícias. Para que isso não ocorra, devemos ficar atentos em relação aos nossos conceitos, preconceitos, gestos, atitudes e posturas com abertura e disposição para rever as práticas convencionais, reconhecer e aceitar as diferenças como desafios positivos e expressão natural das potencialidades humanas. Dessa forma, será possível criar, descobrir e reinventar estratégias e atividades pedagógicas condizentes com as necessidades gerais e específicas de todos os alunos e de cada um dos alunos.
Por exemplo, no caso da criança cega ou com baixa visão. É preciso compreender que a visão reina soberana na hierarquia dos sentidos ocupando uma posição proeminente no que se refere à percepção e integração das formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que estruturam a composição de uma paisagem ou um ambiente. Quando falta a visão, a criança recorre às informações táteis, auditivas, sinestésicas e olfativas com mais frequência para decodificar e guardar informações na memória. O professor, compreendendo como a criança percebe, pode rever e construir suas práticas conforme a necessidade apresentada”. (BRASIL, Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado.
MEC/SEESP 2007, p.13).

O professor cuida e educa uma criança com necessidades educacionais especiais quando ele:
• acredita que ela pode aprender e que sua vivência na EMEI lhe será benéfica.
As atitudes do professor em relação a ela servirão de referência para as demais crianças também se relacionarem com ela;
• estrutura os ambientes de aprendizagens de modo a proporcionar-lhe condições para participar de todas as propostas para as demais crianças garantindo-lhe condições para interagir com os companheiros e com ele, professor;
• prepara cuidadosamente as atividades que propõe. Atividades com maior grau de dificuldade e que não apresentam uma função social imediata e clara tendem a desmotivar as crianças para realizá-las;
• organiza atividades diversificadas em sequências que possibilitem a retomada de passos já dados;
• prepara o espaço físico de modo que ele seja funcional, possibilite locomoções e explorações; qualquer mudança no espaço físico necessita ser comunicada e vivenciada pela criança que não enxerga para que ela possa reelaborar seu mapa mental do ambiente;

Cuida para que as crianças com necessidades educacionais especiais  possam ser ajudadas da forma mais conveniente no aprendizado de cuidar de si, o que inclui a aquisição de autonomia e o aprendizado de formas de assegurar sua segurança pessoal;
• estabelece rotinas diárias e regras claras para melhor orientar as crianças;
• estimula sua participação em atividades que envolvam diferentes linguagens e habilidades, como dança, canto, trabalhos manuais, desenho, etc., e promove-lhe variadas formas de contato com o meio externo. Quando trabalhamos com crianças surdas, devemos considerar que sua memória é principalmente visual, o que significa que elas terão maior facilidade de guardar elementos visuais. Portanto,se lhe oferecemos um objeto novo, devemos mostrá-lo e nomeá-lo, auxiliando-a a compreender seu significado;
• dá-lhe oportunidade de ter condições instrucionais diversificadas: trabalho em grupo, aprendizado cooperativo, uso de tecnologias, diferentes metodologias e diferentes estilos de aprendizagem. É comum que crianças com deficiência mental não atribuam importância a um texto escrito, outras o notam, mas não atribuem sentido à leitura.
O uso de ilustrações como apoio às produções escritas pode ajudar nessas situações desaparecendo à medida que o interesse pela língua escrita é estabelecido. Quando uma criança com deficiência física se encontrar na fase de construção da escrita, as linhas das folhas deverão ser feitas com pincel atômico e com espaço entre linhas, de acordo com o tamanho da letra que ela produz. À medida que adquire maior compreensão do espaço para a escrita e maior segurança no traçado, o espaço entre as linhas poderá ser diminuído;
• oferece-lhe, sempre que necessário, um material adaptado para ela ter um melhor desempenho. Algumas crianças com deficiência motora necessitam de adaptações no uso de lápis, pincéis, ou para fazer uso do teclado do computador. Recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos contribuem para que as situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras em um ambiente de cooperação e reconhecimento de diferenças. Por exemplo, para crianças com deficiência visual, utiliza-se o sorobã para trabalhar cálculo e operações matemáticas. Defende-se ainda
que a criança cega, desde os quatro anos, tenha acesso à máquina braile e inicie sua familiaridade com esse instrumento de escrita de modo prazeroso;
• garante o tempo que ela necessita para realizar cada atividade, recorrendo a
tarefas concretas e funcionais por meio de metodologias de ensino mais flexíveis e individualizadas, embora não especialmente diferentes das que são utilizadas com as outras crianças;
• realiza uma avaliação processual que acompanhe sua aprendizagem com base em suas capacidades e habilidades, e não em suas limitações, assim como para qualquer criança. Crianças com deficiência visual devem desenvolver a formação de hábitos e de postura, destreza tátil, sentido de orientação e reconhecimento de desenhos, dentre outras habilidades. As situações em que estas aquisições ocorrem devem ocorrer devem valorizar o comportamento exploratório, a estimulação dos sentidos ea participação ativa;
• estabelece contato frequente com as famílias para melhor coordenação de condutas, troca de experiências e de informações.
A Educação Inclusiva só se efetiva se os ambientes de aprendizagem forem
sensíveis às questões individuais e grupais, e onde as diferentes crianças possam ser atendidas em suas necessidades específicas de aprendizagens, sejam elas transitórias ou não, por meio da efetivação de respostas adequadas a cada situação.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Prática Pedagógica no Berçário

A Prática Pedagógica no Berçário
"
tornam-se hábitos sobre os quais
a criança fundamenta a sua autonomia"
As pequenas atividades quotidianas
Tonucci

Maria Carmen Silveira Barbosa


As creches durante muitos anos foram espaços prioritariamente
de cuidados, de acolhimento e de guarda de crianças pequenas para
aquelas mães que precisavam trabalhar. Nas últimas décadas, este
papel foi sendo revisado tendo em consideração o direito das crianças
de terem um espaço coletivo de educação.
Para muitos bebês estar na creche é uma oportunidade de viver
com adultos e crianças, isto é com um grupo e com ele estar em um
ambiente social de aceitação, de confiança, de contato corporal
pensado na medida dos seus desejos e necessidades. É uma
possibilidade de adquirir novas experiências cognitivas e relacionais.
Pode-se afirmar que uma das experiências mais ricas e interessantes
da vida humana é o convívio, a amizade, enfim, a busca da vida em
comunidade. A creche é o primeiro ambiente de educação coletiva de
um ser humano.
Estar no berçário
O berçário tem um caráter complementar à educação das
famílias, portanto para realizar um bom trabalho, é essencial que os
educadores/professores abram espaços para a comunicação entre
escola e famílias. Para atender a complexidade do trabalho com as
crianças pequenas também é necessária a qualificação dos
professores.
O importante é que as crianças
cultura.
regras de convívio social, a integrar-se com outras crianças, a
trabalhar em grupos e a dividir a professora, os brinquedos e os
materiais, a cuidar das suas coisas (organizar, emprestar e
guardar).Os conteúdos versam sobre os conhecimentos significativos
para cada grupo social de acordo com: as características do universo
que os circunda, com a faixa etária das crianças, as suas experiências
anteriores e seus interesses e necessidades futuras. E as formas de
trabalhar devem priorizar as aprendizagens através de meios
criativos, participativos, dialógicos e dinâmicos.
vivam a vida dentro de umaA escola infantil é um lugar onde as crianças aprendem as
Alguns eixos do trabalho pedagógico
Para discutir a educação das crianças pequenas, podemos
seguir diferentes trilhas, pois muitas são as questões relacionadas
aos projetos educacionais para crianças bem pequenas. Porém neste
texto vamos enfatizar a importância das
linguagem e a brincadeira com os bebês.
principalmente em torno a estes eixos que se produz o início de uma
proposta educativa no berçário.
As
fontes fundamentais para a sua existência tanto física como mental. É
impossível para um bebê sobreviver sem o afeto, o gesto, o olhar de
um adulto disponível para cuidá-lo. Afinal a nossa condição humana
surge no modo como nos relacionamos uns com os outros e com o
mundo. Ao entrarmos em contato com outros seres humanos,
passamos de um modo de viver fundamentalmente biológico, para o
acolhimento em uma cultura, traduzidas em uma língua, em gestos,
toques. As relações estabelecidas através dos diálogos – corporais e
orais - fazem parte do processo que nos torna seres humanos ou
sujeitos com vontade, com capacidade de raciocínio e imaginação.
relações interpessoais, aPois acreditamos que érelações interpessoais são para as crianças pequenas
O olhar
As crianças pequenas relacionam-se intensamente através do olhar. É
preciso olhar para as crianças, sustentar o seu olhar, acompanhar os
diferentes olhares e ao mesmo tempo mostrar para estas crianças as
coisas bonitas do mundo. Muitas vezes acompanhando o olhar é
preciso que dê uma palavra ou faça uma expressão. O espaço onde
as crianças vivem parte do seu dia merece ser um ambiente físico e
social bonito e aconchegante, com variadas experiências visuais, mas
não um ambiente sobrecarregado de imagens, objetos, pinturas...
O abraço
O abraço é a melhor forma de demonstrar a aceitação corporal do
outro. As crianças pequenas precisam ser abraçadas várias vezes por
dia. Com afirma Mario Terena, para os indígenas brasileiros um dos
aspectos mais importantes na educação das crianças pequenas é
encostar o coração da criança no coração do adulto, isto é, o abraço.
”Não adianta presentes materiais, as crianças precisam sentir o
coração”. O contato corporal cria a confiança pois ele dá a entender
que se está em um espaço de mútua aceitação.
O Ritmo Corporal
Desde o útero, a criança pequena concilia o seu ritmo corporal com o
da sua mãe: o ritmo da respiração, dos batimentos cardíacos, os
movimentos, as vibrações da voz. Os sons de voz humana, dar
alimentos, acariciar, mexer, falar, aconchegar, cantar músicas todas
estas atividades trabalham com diferentes ritmos corporais. É preciso
reaprender e cantar as cantigas de ninar, as rimas, as conversas
secretas ao pé do ouvido e desde pequeninos, contar histórias para
as crianças.
O Balanço Corporal
As crianças criam balanços de diferentes formas. Balançam no colo,
no pé, se jogam para frente e para trás, fazem jogos audazes e jogos
suaves e precisam que o adulto lhes acolha com o corpo e lhes dê
segurança. As crianças pequenas que se movem com liberdade, sem
restrições, são as mais prudentes, já que aprendem a melhor
maneira de cair. O bebê muito protegido ou com pouca experiência
não conhece seus limites e capacidades. Um certo grau de risco é
necessário para sobreviver e crescer. A criança é competente por ela
mesma, curiosa, ativa e geralmente será rica em iniciativas e
interesses pelo seu entorno.
A luta do bebê para expressar-se e descobrir os seus limites vai durar
muito tempo. Ele precisa aprender a lidar com estes conflitos para
crescer seguro e forte. É preciso apoiar, não interferir. Conhecer a
individualidade dos bebês, pois cada um tem seu jeito de relacionarse
com o mundo.Os adultos necessitam aprender a controlar suas
ansiedades frente às tentativas e frustrações dos bebês. Não acelerar
o desenvolvimento, seguir o ritmo das aquisições motoras
possibilitando desafios e movimentos livres e jogos independentes.
Movimento
O
Os bebês constroem os seus territórios e suas identidades a partir
dos seus movimentos como o deslizar, engatinhar, sentar, ficar em
pé, caminhar. Estes modos de se movimentar faz com que as
crianças consigam ver o mundo a partir de diferentes posições. É
preciso deixá-las se movimentar, criar espaços seguros mas com
obstáculos/riscos para que elas possam constantemente andar, pular,
rastejar, cantar e dançar. Viver tocando e sendo tocado.
A criança pequena tem uma imensa necessidade de fazer
movimentos e é preciso que a creche ofereça uma série de atividades
que auxiliem a capacitar as crianças em seus movimentos. Como as
crianças de 0 a 3 anos estão com sua estrutura óssea incompleta
seus músculos precisam de um maior exercício diário para manter as
partes móveis em movimento e as partes estáticas em equilíbrio. No
início desta faixa etária o movimento e a cognição estão muito
próximos.
O Brincar e o Jogar
Brincar é uma atividade vivida sem propósitos e que realizamos de
maneira espontânea atendendo ao nosso desejo, ao nosso
emocionar, e isto acontece tanto na infância como na vida adulta. Os
jogos e brincadeiras envolvem aspectos naturais, culturais e sociais,
também motores, afetivos e cognitivos.
A brincadeira surge a partir das relações interpessoais e dos
elementos existentes nos ambientes. A criança entra
progressivamente na brincadeira do adulto, de quem ela é
inicialmente o brinquedo, o espectador ativo e, depois, o real
parceiro. Aos poucos ela é introduzida no espaço e no tempo
particulares do jogo. A brincadeira surge com um convite como: Faz
de Conta que eu sou.... Ou então com a expressão: Agora eu era o
herói... e o estabelecimento de algum tipo de regra que dura, no
mínimo, ao longo de toda a brincadeira.
Nas brincadeiras estão associadas
agem em direção a socialização das crianças, e o brinquedo é um
estímulo para a brincadeira. Os brinquedos e os espaços organizados
para a brincadeira orientam o tipo de jogo que pode vir a ser
construído: o tipo de canto, a disposição lógica dos móveis, a
diversificação dos papéis sugeridos, os materiais, possibilitam a
realização de atividades estereotipadas ou ricas em invenção ou
diversidade.
É importante para as crianças de 0 a 3 anos estarem num
ambiente aconchegante, tranqüilo e pleno de materiais que agucem a
sua curiosidade e ação.(mas não hiperestimulante). Nesta faixa etária
as crianças gostam de brinquedos como móbiles-coloridos, brilhantes,
e que façam barulho- chocalhos, brinquedos para empilhar, martelar,
puxar e empurrar, com guizos ou outros estímulos sonoros, objetos
flutuantes, fios com contas, trapézios para o berço, brinquedos
desmontáveis, copos ou caixas que encaixam umas nas outras,
blocos e argolas para empilhar, livros de papel, pano, plástico com
rimas, com ilustrações, brinquedos musicais, carrinhos, objetos para
caixa de areia, blocos de tamanho diferentes, bolas de diversos
tamanhos, utensílios de higiene de brinquedo, espelho, bonecas e
bonecos, fantasias, fantoches, bonecos de pelúcia, quebra-cabeças
simples, bonecos de dar corda puxando um fio, bonecos que se
movimentam quando se puxa um fio, carretel com linha grossa e
muitos outros... não muito pequenos e bem coloridos.
ações e ficções. As brincadeiras
Linguagem
Um dos grandes feitos entre os 0 e os 3 anos é o da aquisição da
linguagem oral. Para que esta ocorra é preciso que os educadores
acompanhem e intercedam no sentido de criar um ambiente cheio de
conversas, de pseudodiálogos. Inicialmente o educador fala sozinho,
relata o que está ocorrendo na sala, coloca em palavras os
sentimentos e as ações do grupo. É preciso muita conversa com os
bebês. Não apenas dar ordens, proibições, respostas impessoais, mas
conversas com conteúdo, com vocabulário rico, com informações,
explicações, opiniões, felicitações. Conversar e não apenas falar
mecanicamente. Escutar, falar, ouvir a resposta, responder. Explicar
os fatos que afetam a vida das crianças e a vida do grupo.
As crianças se comunicam desde cedo através da linguagem corporal
(gestos, sorriso, toques, choro, tossir, engasgos, espirros, gritos)
desde a mais tenra idade, mas o desenvolvimento da linguagem
propriamente dita aparece mais tarde. Ao observar um grupo de
crianças podemos verificar que de um estágio inicial onde não
utilizam palavras passam para o uso de sons, silabações, palavrasfrase
e finalmente a combinação de três ou mais palavras construindo
frases. E desde sempre cantam...
Enfim
O papel do educador do berçário é o de receber e conviver com
crianças bem pequenas auxiliando-as a construir a si e ao seu dia a
dia. É também sua função transmitir aquilo que conhece, isto é, as
tradições culturais do seu grupo de pertinência e, ao mesmo tempo,
abrir um novo mundo onde elas possam criar/produzir novas
experiências, novos conhecimentos.
Para isto o educador precisa dar-se conta que a educação dos
bebês acontece o tempo todo, nas atividades recorrentes do dia a
dia. Educar os bebês é colocar-se junto às crianças para fazer a vida
acontecer. De modo criativo, agradável, alegre ou silencioso, calmo.
Enriquecer a vida através dos seus detalhes: sentimentos, sensações,
pequenos momentos que muitas vezes nos passam despercebidas.
Ao professor cabe planejar, observar, registrar as atividades
realizadas e acompanhar o como as crianças investigam o mundo,
suas curiosidades, assombros, risos. Trabalhar com bebês exige uma
sólida formação nas múltiplas linguagens das crianças pequenas. E
como vimos com os eixos anunciados no início, eles não se sustentam
sozinhos. Misturam-se, pois educar os bebês só pode ser feito numa
perspectiva de mundo onde o conhecimento não é disciplinar.