terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Arte de Relaxar

 

Míriam Cruvinel
Psicóloga e Terapeuta Cognitiva

"Feche seus olhos. Inspire profundamente .... agora solte o ar ... vagarosamente. Imagine que na ponta do seu nariz existe um lápis colorido... Você pode escolher a cor do lápis... Tente com sua cabeça .... fazer um número oito na horizontal... Faça este movimento mais três vezes ... não esqueça da respiração. Inspire.... e expire...."
Relaxamento é uma habilidade que envolve a aprendizagem e portanto a aquisição de novos hábitos, por isso requer muita prática e treinamento. O objetivo da técnica de relaxamento é proporcionar maior conscientização corporal, aperfeiçoar o conhecimento das sensações do corpo, das emoções e sentimentos.
Todos nós sabemos que não "nascemos" tensos ou estressados. Na verdade nós "ficamos" tensos e ansiosos. Já que aprendemos a ficar tensos, podemos também "desaprender". Ou seja, podemos aprender a relaxar, a ficar calmo e tranqüilo. Para atingir essa estabilidade emocional precisamos de muita prática e treino. A prática do relaxamento, no início será difícil, pois não estamos acostumados a utilizá-la. É preciso deixar o relaxamento se tornar um hábito em nosso vida, pois somente dessa forma teremos uma vida mais saudável.
Com a prática do relaxamento as pessoas tornam-se mais conscientes de suas tensões e a partir daí se tornam mais capacitados a diminuírem as tensões e dores musculares. O relaxamento contribui para diminuir o stress, aliviar tensão e dores musculares e minimizar a ansiedade.
Por possuir esta finalidade, o relaxamento pode beneficiar qualquer pessoa, desde crianças, adolescentes e adultos. Pessoas normalmente ansiosas, agitadas e irritáveis certamente se beneficiarão muito com esta técnica.
O relaxamento pode ser praticado a qualquer hora do seu dia. Existem pessoas que o praticam mediante situações ansiógenas, por exemplo antes de uma reunião importante ou antes de uma prova na escola. Outras pessoas praticam o relaxamento antes do sono e outros ainda o fazem pela manhã ao se levantar. O horário para praticar o exercício depende da necessidade de cada pessoa.
Durante o exercício de relaxamento é extremamente importante a educação da respiração. É necessário uma respiração profunda, caracterizada pela calma e serenidade. O principal músculo da respiração é o diafragma. A contração do diafragma alonga os pulmões, provocando a inspiração (movimento de puxar o ar para dentro), já a compressão do abdome, provoca a expiração (movimento de expulsar o ar). Os dois movimentos são essenciais para garantir uma boa respiração, durante o relaxamento.
E as crianças, podem praticar o relaxamento?
As crianças não só podem como precisam fazer o relaxamento.Assim como os adultos, as crianças também vivenciam situações diárias de stress e ansiedade e portanto também se beneficiam com a técnica de relaxamento.
O relaxamento infantil pode ser usado por qualquer criança. Crianças agitadas, hiperativas, ansiosas, irritáveis e com sintomas de stress infantil, poderão sentir-se bem melhor após o exercício.
Além disso a prática de relaxar contribui para que a criança, desde cedo, se familiarize com seus sentimentos e emoções, deixando a criança mais centrada em suas sensações.
No início, a criança precisa de auxílio para aprender a relaxar, principalmente as crianças menores. Por isso, é importante, que os pais estejam presentes e encorajem os filhos a aprender. Em princípio, assim como o adulto, a criança pode apresentar alguma dificuldade para se concentrar e conseqüentemente relaxar, mas aos poucos, o relaxamento vai se tornando uma brincadeira divertida e um hábito prazeroso.

domingo, 28 de agosto de 2011

O USO DE BRINQUEDOS E JOGOS NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

O USO DE BRINQUEDOS E JOGOS NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS. Imprimir

Profa Dra Leny Magalhães Mrech
Para todos aqueles que trabalham com Psicopedagogia e Educação Especial é bastante comum a vivência de situações em que é preciso estabelecer a intervenção psicopedagógica em função das necessidades especiais da criança. Os brinquedos, jogos e materiais pedagógicos desempenham neste momento um papel nuclear.
Este trabalho visa discutir alguns aspectos fundamentais na estruturação do processo psicopedagógico tendo em vista a construção do conhecimento e do saber por parte da criança através do uso de brinquedos e jogos.
Tradicionalmente, este processo tem sido abordado a partir de uma ótica redutora que atribui a uma ou duas variáveis a responsabilidade pelo processo de aprendizagem da criança. É bastante comum os professores se referirem à situação familiar como a grande responsável pelos problemas apresentados pela criança: "Os pais de fulano se separaram!". Esta postura introduz um privilegiamento da variável psicológica, como se, através dela, fosse possível entender o que ocorre com a criança.
A intervenção psicopedagóglca veio introduzir uma contribuição mais rica no enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é compreendido como um processo pluricausal, abrangente, implicando componentes de vários eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos, políticos etc. A causa do processo de aprendizagem, bem como das dificuldades de aprendizagem, deixa de ser localizada somente no aluno e no professor e passa a ser vista como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo.
Um outro problema bastante grave a ser ressaltado é uma concepção redutora do modelo piagetiano que tem sido adotada em boa parte dos cursos de Pedagogia, no qual são privilegiadas apenas as colocações iniciais da sua obra. Ela tem direcionado os professores a conceberem o processo de ensino-aprendizagem de uma maneira estática, universalista e atemporal. Com isto ficam de fora as contribuições mais importantes de Piaget em relação aos processos de equilibração e reequilibração das estruturas cognitivas.


O educador já não se defronta com um processo linear de crescimento e
desenvolvimento, tanto no desenvolvimento intrínseco como na expressão,
mas com um realizar-se descontínuo no qual fases e períodos se entrecruzam,
se opõem dialeticamente, oposições de que resulta uma nova estruturação. 
PARAGENS (sic), ACELERAÇÕES, SALTOS BRUSCOS, SÃO A EXPRESSÃO
FORMAL.  Isto altera completamente o panorama da pedagogia graduada: se o
desenvolvimento não é contínuo e ininterruptamente acelerado e progressivo, como
se lhe adequará uma educação regulada por grandes períodos de desenvolvimento? 
Como pretender apreender a instabilidade do desenvolvimento pela estabilidade dum
processo educativo que se mede por anos?  Os fins da pedagogia não deveriam
apontar para o homem futuro, o que realmente será permanente e atuante, e não
para as etapas da idade evolutiva? (Merani, 1977: 91).

Esta visão aponta um deslocamento de uma vertente universalista atemporal para uma vertente particularista temporal. Kohl revela alguns dos aspectos fundamentais deste processo:


O cérebro, no entanto, não é um sistema de funções fixas e imutáveis, mas um
sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento
são moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual. 
Dadas as imensas possibilidades de realização humana, essa plasticidade é
essencial: o cérebro pode servir a novas funções, criadas na história do homem,
sem que sejam necessárias transformações no órgão físico.  O homem transfor-
ma-se de biológico em sócio-histórico, num processo em que a cultura é parte
essencial da constituição da natureza humana.  NÃO PODEMOS PENSAR O
DESENVOLVIMENTO PSlCOLÓGlCO COMO UM PROCESSO ABSTRATO,
DESCONTEXTUALIZADO, UNIVERSAL: O FUNCIONAMENTO PSlCOLÓGlCO, PARTICULARMENTE NO
QUE SE REFERE ÀS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, TIPICAMENTE
HUMANAS, ESTÁ BASEADO FORTEMENTE NOS MODOS CULTURALMENTE
CONSTRUÍDOS DE ORDENAR O REAL (Kohl, 1993: 24).

O fundamental é perceber o aluno em toda a sua singularidade, captá-lo em toda a sua especificidade, em um programa direcionado a atender as suas necessidades especiais. É a percepção desta singularidade que vai comandar o processo e não um modelo universal de desenvolvimento. Isto porque o uso do modelo universalista camufla normalmente uma concepção preestabelecida do processo de desenvolvimento do sujeito. Na intervenção psicopedagóglca deve-se evitar as chamadas "profecias auto-realizadoras", isto é, prognósticos que o professor lança a respeito do processo de desenvolvimento de seu aluno sem levar em consideração o seu desempenho.
É preciso que o professor ou pslcopedagogo também altere a sua forma de conceber o processo de ensino-aprendizagem. Ele não é um processo linear e contínuo que se encaminha numa única direção, mas, sim, multifacetado, apresentando paradas, saltos, transformações bruscas etc. O processo de ensino-aprendizagem inclui também a não-aprendizagem. Ou seja, a não-aprendizagem não é uma exceção dentro do processo de ensino-aprendizagem, mas se encontra estreitamente vinculada a ele. O aluno (aprendente, em termos de psicopedagogia) pode se recusar a aprender em um determinado momento. O chamado fracasso escolar não é um processo excepcional que ocorre no sentido contrário ao processo de ensino-aprendizagem. Constitui, sim, exatamente a outra face da mesma moeda, o seu lado inverso. O saber e o não-saber estão estreitamente vinculados. O não-saber se tece continuamente com o saber. Com isto queremos dizer que o processo de ensino-aprendizagem, do ponto de vista pslcopedagógico, apresenta sempre uma face dupla: de um lado a aprendizagem e do outro a não-aprendizagem.


O desejo de saber faz um par dialético com o desejo de não-saber.  O jogo do
saber-não saber, conhecer-desconhecer e suas diferentes articulações, circulações
e mobilidades, próprias de todo ser humano ou seus particulares nós e travas
presentes no sintoma, é o que nós tratamos de decifrar no diagnóstico
(Fernandez, 1991: 39).

O uso dos brinquedos, jogos e materiais pedagógicos e as estruturas de alienação no saber
A Psicopedagogia, com base na Psicanálise, revela que o conhecimento e o saber não são apreendidos pelo sujeito de forma neutra. Dentro do sujeito há uma luta entre o desejo de saber e o desejo de não-saber. Este processo acaba por estabelecer para o sujeito determinadas posições a priori da assimilação e incorporação de quaisquer informações e/ou processos formativos. Elas se refletem tanto no plano consciente quanto inconsciente. Diante do uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos o sujeito pode se direcionar tanto para o desejo de saber quanto para o desejo de não-saber. No primeiro caso, através do desejo de saber o sujeito tece o saber. No segundo caso, paralisa o processo formando as chamadas estruturas de alienação no saber (Mrech, 1989: 38). O termo foi cunhado por Roland Barthes em O rumor da língua, para designar um fenômeno novo que ocorreria na cultura:


a meu ver, existe uma antinomia profunda e irredutível entre a literatura
como prática e a literatura como ensino.  Esta antinomia é grave porque
se liga ao problema que é talvez hoje o mais escaldante, e que é o
problema da transmissão do saber; é aqui que reside sem dúvida o problema
fundamental da alienação, uma vez que, se as grandes estruturas de alienação
econômica foram postas a nu, as estruturas de alienação no saber não o
foram (Barthes, 1987: 43).

É bastante comum para todos aqueles que trabalham com Prática de Ensino e Didática vivenciarem uma situação onde o aluno e os professores já formados assinalam que a universidade tende a prepará-los inadequadamente para a sua prática futura. Poderíamos pensar que se trata apenas de uma transmissão inadequada da universidade, apenas uma questão de teoria x prática.
Na verdade, a situação é bem mais complexa:


Há uma espécie de "círculo cujo centro está em toda a parte e em parte
alguma".  O poder simbólico é, com efeito esse poder invisível, o qual só
pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber
que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem.  A cultura que une
(instrumento de comunicação) é também a cultura que separa (instrumento
de distinção) (Bourdieu, 1989: I I).

Os símbolos geram as estruturas do saber, podendo posteriormente se transformar em estruturas de alienação no saber.
Os mesmos símbolos ensinados para estabelecer comunicação podem levar à paralisação e à segmentação do saber. A mesma simbolização pode ter um caminho tanto de aproximação quanto de afastamento do saber e das pessoas. Tentando delimitar melhor este fenômeno em nossa tese de doutoramento, utilizando a terminologia de Roland Barthes, resolvemos efetuar um estudo mais aprofundado das estruturas de alienação no saber.
As estruturas de alienação no saber se apresentam tanto no plano dos idioletos (linguagem grupal e/ou individual) como no da língua (linguagem social). Em ambos a sua característica maior é a coisificação ou reificação da linguagem. E estabelecido, através delas, um processo de alienação de tal ordem que é como se o saber tivesse tomado forma e assumisse uma vida independente do pensamento mais atualizado dos sujeitos. No plano do idioleto, na sua família, a criança pode aprender certas palavras, que crê sejam comuns a todos os sujeitos. Ela pode utilizar o fonema "Bu" e a mãe entender que com isto ela está pedindo um copo de água. No entanto, se ela o empregar para pedir água fora de casa, dificilmente as pessoas poderão compreendê-la. Ela ficou em um idioleto, em uma fala reificada, particularizada, que exclui outras possibilidades de articulação e significações. O mesmo processo ocorre também no plano social, quando a linguagem chega a adquirir uma generalização tão ampla, que pode perder o sentido e a precisão. Assim, ao se falar que uma coisa é superlegal pode se estar frisando o fato de que é uma coisa ótima. No entanto, se essa palavra for freqüentemente utilizada em múltiplas ocasiões, as pessoas poderão ficar em dúvida se o sujeito sabe o que é realmente uma coisa super. Neste caso, a palavra super entrou no lugar do advérbio de quantidade muito. O sentido muito legal ficou camuflado. A palavra super, que se referia originariamente a um contexto superlativo, perdeu o seu eixo original de inserção, tomando a aparência de um advérbio de quantidade.
Em decorrência, pode-se dizer que nas estruturas de alienação no saber é como se os sujeitos não se dessem conta do que estão fazendo e funcionassem em termos de uma elaboração inconsciente, em um nível automático de conceitualização. Pierre Bourdleu designa este processo de "instrumentos inconscientes de construção":


Passo aos conceitos, às palavras, aos métodos que a profissão emprega para
falar do mundo social e para o pensar.  A linguagem levanta um problema
particularmente dramático para o sociólogo: ela é, com efeito, um enorme depósito
de pré-construções naturalizadas, portanto, ignoradas como tal, que funcionam
como instrumentos inconscientes de construção (Bourdieu, 1987: 39).

No caso da Pedagogia e da Psicopedagogia, as estruturas de alienação no saber, como instrumentos inconscientes de construção, atuam relficando os lugares do discurso pedagógico: o lugar do professor e o lugar do aluno. Ou seja, elas são guias de ação, formas prévias de conceber como o professor e o aluno deverão agir e se comportar. Elas se encontram fundamentalmente no âmbito da própria linguagem, sendo compostas por hábitos, repetições, estereótipos, cláusulas obrigatórias e palavras-chaves, estruturando o pensamento dos sujeitos.
Os símbolos introduzem no sujeito um processo de uso duplo tanto de aproximação quanto de distanciamento das coisas e das pessoas. Os símbolos tendem a formar dentro do sujeito verdadeiras cadeias simbólicas alienadas: as estruturas de alienação no saber. O seu papel fundamental é impedir um contato mais estreito entre os sujeitos ou dos sujeitos com o saber.
Ou seja, elas são estruturas defensivas que, em um determinado momento, são utilizadas pelo sujeito ou pela sociedade para introduzir um distanciamento entre as pessoas ou em relação a um saber novo. Elas revelam formas prefixadas de lidar com o conhecimento e o saber. Formas acionadas pelo desejo de não-saber para que o sujeito, o grupo ou a sociedade se paralisem, impedindo-se de ir para a frente e de conhecer mais. Alícia Fernandez concebe estas estruturas como verdadeiros "clichês", isto é, formas estereotipadas de saber:


Para pensar novas idéias temos que desarmar nossas idéias feitas e misturar
as peças, assim como um tipógrafo ver-se-á obrigado a desarmar os clichês,
se deseja imprimir um texto no novo idioma (Fernandez, 1991: 23).

As estruturas de alienação no saber se dividem em dois tipos básicos: as estruturas sociais de alienação no saber e as estruturas individuais de alienação no saber.
As estruturas sociais de alienação no saber são sistemas simbólicos utilizados pela sociedade para fornecer um código geral em que os sujeitos encontrarão sempre guias de ação predeterminados. Estas formas alienadas não surgem ao acaso. Elas são os resíduos das estruturas de saber que, ao longo do tempo, perderam o seu potencial gerador de conhecimento, tornando-se formas inadequadas e preconcebidas de apreender a chamada realidade concreta. Elas são formas de saber que perderam a capacidade de possibilitar uma comunicação efetiva entre os sujeitos. Podemos associá-las aos processos vinculados ao cotidiano das pessoas, principalmente ao saber-fazer das pessoas. Por exemplo, o professor, ao longo da sua prática pedagógica, aprendeu a dar aula de um determinado modo. Aos poucos, este processo transformou-se em um hábito, passando a estruturar a sua prática diária. Como Chico Buarque de Holanda costuma cantar: "Todo dia ela faz tudo sempre igual".
As estruturas de alienação no saber são modos de ação socialmente determinados (hábitos, repetições, estereótipos, cláusulas obrigatórias e palavras-chave) que estruturam o que escutar, o que dizer e o que fazer em um determinado momento. O mesmo conteúdo que o professor aprendeu na universidade para formá-lo e informá-lo pode, em outro momento, desinformá-lo e colidir com as suas novas necessidades de atuação docente.
Quando se assinala a importância da constante reciclagem do professor não é porque as teorias simplesmente mudaram, mas porque os símbolos se reificaram impedindo o professor de estabelecer um melhor contato com os seus alunos. As estruturas de alienação no saber enquanto sistemas simbólicos acabam por se constituir em um sistema de crenças a respeito do que-fazer pedagógico, impregnando de forma irreversível o processo de atuação do professor.
O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, poder de manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência das palavras. A destruição deste poder de imposição simbólico radicado no desconhecimento supõe a tomada de consciência. do arbitrário, quer dizer, a revelação da verdade objetiva e o aniquilamento da crença (Bourdieu, 1987: 15).
Aquilo que o professor aprendeu durante o período em que era estudante passará a nortear a sua forma de ação docente. Gradativamente, o que eram guias de ação eficazes no princípio, aos poucos se transformam em formas estereotipadas de enxergar os seus alunos. Formas que o levam a estabelecer certos hábitos, certas repetições, certas palavras-chaves etc. Um outro nome que caberia às estruturas sociais de alienação no saber são as formas prefixadas do cotidiano escolar. Formas que engolem as relações sociais tendendo a despersonallzá-las, isto é, esvaziando-as de um contato mais aprofundado entre os sujeitos.
O mesmo processo ocorre com o aluno. Ele passa a lidar com o professor ou com a situação escolar de uma forma preconcebida. O professor passa a ter uma imagem fixa, estabelecida a partir da sua interação com a classe, ou através de situações passadas. Esta forma estereotipada passa a reger todo o contato do aluno com o professor e vice-versa.
Além do efeito deletério nas relações sociais na escola, as estruturas de alienação no saber tendem a gerar outro tipo de processo de alienação: o das estruturas individuais de alienação no saber. Da mesma forma que as estruturas sociais de alienação no saber, elas são compostas por hábitos, repetições, estereótipos, cláusulas obrigatórias e palavras-chave. Em termos sociológicos, pode-se dizer que, enquanto as estruturas sociais de alienação no saber se referem ao plano macroestrutural, as estruturas individuais de alienação no saber se referem ao plano microestrutural. As primeiras, mais abrangentes, delineiam a forma de ação; as segundas, mais específicas e particularizadas, o conteúdo. As estruturas individuais de alienação no saber refletem as formas estabelecidas por cada sujeito para se defender do saber. Lacan esboça alguns destes aspectos:


Neste ensino, assim como numa análise, lidamos com resistências. As resistên-
cias têm sempre sua sede, nos ensina a análise, no eu.  O que corresponde ao
eu é o que por vezes chamo dos preconceitos que comporta todo saber, e que
cada um de nós carrega individualmente.  Trata-se de algo que inclui o que sabe-
mos ou cremos saber - pois saber é sempre, por algum lado, crer saber.
Por isto, quando uma perspectiva nova lhes é trazida de uma maneira descentrada
com relação à experiência de vocês, sempre se opera um movimento pelo qual vocês
tentam reencontrar o equilíbrio, o centro habitual do ponto de vista de vocês - sinal
daquilo que lhes explico, e que se chama resistência.  Seria preciso, ao contrário,
que se abrissem às noções surgidas de uma experiência outra e tirassem proveito
(Lacan, 1985: 58).

As estruturas de alienação no saber chegam a atingir até certos contextos, em que se acreditaria tradicionalmente haver apenas atuações espontâneas, tais como o uso dos brinquedos e materiais pedagógicos. Antes mesmo de entrar em contato com o material proposto, o aluno utiliza as chamadas estruturas de alienação no saber. Estas têm uma origem dupla: social e individual. No primeiro caso, refletem os sistemas simbólicos onde os símbolos foram inicialmente cunhados: a família e a escola. No segundo caso, as estruturas de alienação no saber refletem o próprio processo de construção dos símbolos pelo sujeito, ou seja, os recortes que o sujeito introduz nos conteúdos que recebeu da sua família e da sua escola.
É importante que o professor perceba que a forma como a criança reage ao objeto não é simplesmente um produto do processo da sua interação com o objeto no momento, mas um produto de sua história pessoal e social. Ao ser apresentada a um material pedagógico ou brinquedo, a criança pode bater ou jogar o material no chão, mordê-lo, olhá-lo fixamente, perguntar a uma outra pessoa de quem é o material etc. Isso porque as estruturas individuais de alienação no saber refletem verdadeiros maneirismos que antecedem o próprio processo de ensino-aprendizagem.
Com as chamadas crianças normais, este processo de transição é muito rápido e pouco percebido. Com as chamadas crianças excepcionais, ele se revela mais claramente, refletindo o processo duplo de implantação da aprendizagem: a do desejo de aprender e a do desejo de não-aprender.
Por exemplo, o professor vai trabalhar com uma criança tida como autista. No contato inicial, ele começa a desenhar algo com uma caneta em uma folha de papel. Aos poucos, a criança se desinibe e começa a desenhar também. O professor faz um bonequinha. O aluno diz que o bonequinha é ele (aluno). Em seguida, dizendo que é ele outra vez, desenha o mesmo bonequinha. O professor dá uma outra folha de papel, pedindo à criança para desenhar outra coisa. O aluno faz outra vez o mesmo bonequinha.
Querendo mudar o comportamento do aluno muito rapidamente, o professor introduz uma outra folha e um material novo - o, giz de cera. O aluno não aceita o giz de cera, preferindo a caneta. O professor insiste no desenho com o giz de cera. O aluno se retrai e se fecha, negando-se a realizar as suas atividades. Devido à estrutura individual de alienação no saber, o aluno continua preso ao objeto caneta e ao desenho do bonequinho, não tendo feito a passagem para o giz de cera e para um outro assunto. Pode-se dizer que ele ainda não se sente livre o suficiente para trabalhar sem um modelo da atuação anterior. Volta-se para o que já sabe, tentando dar conta do momento presente. Pára a cadela simbólica, apanhado em uma estrutura de alienação no saber. Só consegue desempenhar a atividade se ela for feita do modo que aprendeu inicialmente.
O professor pode acreditar que o aluno está querendo chamar a sua atenção. No entanto, o problema é bem mais sério, o aluno foi captado em uma estrutura de alienação no saber que comanda o seu processo de aprendizagem, paralisando-o em um determinado ponto. Para sair desta situação, ele precisa ser trabalhado mais aprofundadamente com o material anterior. O professor precisa atender a esta necessidade especial do aluno.
A Educação Especial e a Pslcopedagogia propiciam esta forma mais aprofundada de se trabalhar com o aluno. Elas levam em consideração as necessidades específicas de cada aluno, privilegiando-se a "escuta" do que está realmente acontecendo naquele momento. Isso porque o sistema simbólico e imaginário do aluno é único, não se devendo lidar com ele a partir de esquemas generalizadores.
No caso mencionado, o professor poderia analisar o processo da criança como uma resistência a materiais novos. Na realidade, havia um eixo estruturando esse processo aparentemente aleatório. A caneta fazia parte de um processo de estruturação do vínculo da criança com o pai. Todas as noites, antes de dormir, o pai ia ao seu quarto para contar uma história. Sendo cartunista, acabava desenhando, com a caneta, uma história para o filho.
A caneta foi o objeto transferencial que propiciou tanto o contato e o seu oposto - o distanciamento dos sujeitos, ao se constituir em uma estrutura de alienação no saber. A caneta não era um objeto qualquer. Retirá-lo rapidamente era excluir o objeto que materializava afeto para a criança, um objeto que a ligava ao pai. A caneta era o objeto gerador de afeto. A sua retirada acabou tendo como conseqüência o fechamento posterior da criança.
Em síntese, os objetos utilizados na aprendizagem não têm uma existência neutra. Eles refletem o próprio processo interior do aluno e do professor. Se o professor não souber, em algum momento, trabalhar aprofundadamente com o material introduzido, os alunos perceberão a sua postura insegura. Com isso, como assinala Mauco, ele acabará expondo, direta ou indiretamente, aos alunos, os seus próprios fantasmas:


A relação aluno-professor vai depender em larga escala do que o professor é
inconscientemente.  Com demasiada freqüência, os educadores ignoram a
importância das reações inconscientes, tanto neles como nas crianças.  Esta
ignorância surge com clareza nas situações afetivas que suscitam a expressão
dos desejos libidinais recalcados. É assim que a projeção dos fantasmas da
criança (e os do professor) pode ter naturalmente uma intensidade particular no
domínio sexual.  Durante largo tempo a Universidade viu em qualquer manifestação
sexual, por ligeira que fosse, o "Mal" por excelência.  Uma única palavra "indecente"
ou um desenho "indecente" era suficiente para justificar uma expulsão imediata.
(Mauco, 1987: 124).

Percebe-se que, no ensino, o professor não introduz um objeto qualquer. O objeto de ensino, enquanto um símbolo, carrega em seu bojo toda a história passada do aluno e do professor, podendo desencadear, em ambos, processos conscientes e inconscientes de atuação. É este sistema prévio que chamamos de estruturas de alienação no saber. É ele que precisa ser trabalhado antes mesmo de o professor e o aluno entrarem em contato com o material em si.
O uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos, do ponto de vista pslcopedagógico, necessita da percepção do contexto em que se encontram inseridos. É preciso que o professor e/ou psicopedagogo identifiquem a matriz simbólica anterior do objeto, para entender melhor as necessidades e dificuldades mais imediatas dos alunos.
O uso dos brinquedos, jogos e materiais pedagógicos as estruturas de alienação no saber
Um dos aspectos mais importantes a ser levado em conta pelo professor e pelo psicopedagogo é o reconhecimento das estruturas prévias de alienação no saber que o professor e o aluno apresentam em relação ao uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos. São elas que impedem o objeto seja empregado em uma gama mais rica de utilização.
Apresentamos abaixo algumas das estruturas de alienação no saber mais comuns, tradicionalmente usadas pelos professores e alunos:
1. A concepção e capacidade lúdica do professor. Um professor que não sabe e/ou não gosta de brincar dificilmente desenvolverá a capacidade lúdica dos seus alunos. Ele parte do princípio de 'que o brincar é bobagem, perda de tempo. Assim, antes de lidar com a ludicidade do aluno, é preciso que o professor desenvolva a sua própria. A capacidade lúdica do professor é um processo que precisa ser pacientemente trabalhado. Ela não é imediatamente alcançada. O professor que, não gostando de brincar, esforça-se por fazê-lo, normalmente assume postura artificial, facilmente identificada pelos alunos. A atividade proposta não anda. Em decorrência, muitas vezes os professores deduzem que brincar é uma bobagem mesmo, e que nunca deveriam ter dado essa atividade em sala de aula. A saída deste processo é um trabalho mais consistente e coerente do professor no desenvolvimento da sua atividade lúdica.
2. Os modos estereotipados do professor conceber o material apresentado. Diante de um material novo, é bastante comum o professor estabelecer, uma atitude distanciada em relação a este objeto, colocando-se como especialista e não como quem! brinca com o material. O seu olhar. é técnico, basicamente o olhar do professor ou do psicopedagogo sobre o objeto, isto é, um olhar adulto. Acontece que quem vai utilizar o objeto geralmente é uma criança ou um adolescente. Muitas vezes aí se estabelece uma incompatibilidade entre esses dois olhares.
3. As formas estereotipadas de o professor conceber o aluno. Esta estrutura de alienação no saber introduz um problema bastante sério do ponto de vista da ludicidade. A imagem que o professor tem do aluno não é o aluno. Este está em um outro lugar, tendo de ser resgatado através da fala na relação professor/aluno, pslcopedagogo/aluno. É o próprio aluno que tem de dizer quem ele é, do que gosta, com que quer brincar etc. Normalmente, este é um dos processos mais difíceis de c) professor alterar. Para muitos professores, a imagem do aluno chega a adquirir a certeza de uma crença. O professor acredita piamente que a imagem que ele tem do aluno é o próprio aluno. Ele não percebe que, sendo uma imagem, é um estereótipo, uma construção na linguagem. Em suma, não se dá conta de que a imagem do aluno é uma produção sua, uma interpretação sua de quem é este aluno. O aluno está em um outro contexto, que deve ser resgatado através da própria relação.
4. As formas estereotipadas que o aluno concebe o professor, a instituição, o material proposto. Elas podem impedir ou atrapalhar o seu contato com a instituição, com o material proposto ou com o próprio professor. Uma imagem prévia da instituição feita pelos alunos pode se antecipar à própria captação da instituição real. Uma imagem de uma escola boa ou ruim tende a se perpetuar na mente dos alunos. Da mesma forma, as imagens de bom e mau professor também se antecipam à atuação docente, determinando muitas vezes os rumos do processo de ensino-aprendizagem. Se o aluno não gosta do material proposto, é bastante comum ele rejeitá-lo, sem tentar estabelecer uma outra forma de interação.
5. As formas estereotipadas que envolvem o uso do material a ser empregado na comunidade em geral. As grandes indústrias de brinquedos e materiais pedagógicos estabelecem alguns parâmetros para o uso do material. Estes indicadores podem constituir imagens tão impactantes que acabam por desviar o professor ou o psicopedagogo de um trabalho mais aprofundado com o material. É bastante comum os pais e os especialistas (professores e psicopedagogos) tomarem a indicação das faixas etárias, colocadas nas caixas de brinquedos pelas indústrias, como verdades comprovadas. Acontece que muitas classificações partem de indicadores empíricos, não de pesquisas abrangentes com faixas de mercado estruturadas. A indústria pode ter testado em apenas um pequeno grupo de crianças o uso dos brinquedos naquela faixa etária. Os resultados encontrados são generalizados em seguida a um público maior. É a criança que deve se pronunciar a respeito do material, não as indicações vagas do fabricante. Ela usa o brinquedo para atender a uma necessidade especial do momento. Este processo lúdico é que tem que ser privilegiado, e não quaisquer preconcepções dos adultos e/ou dos fabricantes a respeito do brinquedo.
6. As formas estereotipadas que envolvem o uso do material a ser empregado. Muitas vezes o professor utiliza brinquedos, jogos e materiais pedagógicos de uma maneira redutora e rotineira. O material a ser dado para o aluno deverá ser farto e variado. O professor ou psicopedagogo poderá criar locais onde, em seu próprio ritmo de trabalho, a criança poderá escolher livremente o que quer fazer. Um dos exemplos mais eficazes desta forma de trabalho são os cantinhos de música, ciências, artes etc. bastante empregados na pré-escola.
O uso do material deverá levar em conta as necessidades especiais e a singularidade do aluno. O aluno poderá se recusar em um momento a trabalhar com o material, preferindo ficar divagando ou conversando. No ensino de I' grau é fundamental que o professor respeite este processo. As crianças chegam a trabalhar, às vezes, quatro horas seguidas em atenção contínua. Ao longo desse período, podem ter um pequeno Intervalo para se refazer, e depois voltar a prestar atenção. Isso não quer dizer que não se irá trabalhar o porquê de a criança não ter desejado lidar com o objeto. No final da atividade, o professor ou psicopedagogo pode pedir a cada criança para verbalizar livremente o que sentiu ao brincar com o material. Elas podem dizer que não queriam brincar, queriam conversar, ficar paradas etc.
O aluno poderá fazer coisas totalmente imprevistas com o material, ações que o professor ou psicopedagogo muitas vezes poderá considerar inadequadas. E preciso julgar estas ações da perspectiva da criança. Somente o aluno, a partir da sua história de vida, conhece as razões para agir daquela maneira.
Uma criança deficiente mental onde quer que fosse levava um paninho e limpava muito bem os objetos, antes de tocá-los. Posteriormente o professor velo a saber que este era o procedimento que a mãe usava rotineiramente com o seu filho. Ela limpava todos os objetos antes de passá-los à criança. Ao agir desta forma, a criança estava simplesmente imitando a mãe e cuidando de si mesma da maneira como lhe fora ensinado.
Crianças com problemas motores necessitam de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas atividades pedagógicas: cadeiras adaptadas, materiais específicos para a escrita etc. Principalmente com crianças portadoras de lesão cerebral, que não falam, mas que apresentam nível de compreensão normal (quadriplégicos, paraplégicos etc.), é fundamental estar atento aos indicadores sutis de cansaço do aluno. Quando a criança que não fala enrijece o corpo pode estar chegando a hora de mudar de atividade. Esta pode ser a única forma de fazer o outro sentir que ela não quer fazer o que é proposto.
Assim, o professor pode, neste momento, perguntar se ela deseja descansar ou continuar a trabalhar, uma vez que ela não consegue sozinha fazer o deslocamento de atividade e material.
O uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos: um objeto estruturado ou um objeto em estruturação?
O que eram então os brinquedos, jogos e materiais pedagógicos? Eram objetos concretos apresentados aos alunos ou objetos construidos na mente da criança?


A concepção que esboçamos apresenta o material pedagógico como um objeto
construido durante o processo (ensino-aprendizagem), que se funda em três
elementos articuladores básicos: o objeto pedagógico, a matéria-prima pedagógica
e o substrato pedagógico.  Com isso queremos dizer que o material pedagógico tem
uma concretude ou essência, uma multiplicidade de imagens desta concretude e um
símbolo representativo da mesma (Mrech, 1989: 50).

A passagem do objeto concreto para o objeto construido pelo aluno nos parece fundamental. O professor pode acreditar que sua visão do objeto é a mesma do aluno. Ele não perceber que, embora a essência do objeto seja a mesma, a sua inserção se dá em um universo simbólico diferente. Para identificar o que o aluno está percebendo, é fundamental captar em que contexto simbólico e/ou imaginário o objeto do aluno se encontrar inserido.
O uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos e a construção da modalidade de aprendizagem do aluno
É importante perceber o objeto em construção, para não reduzí-lo a uma leitura rasa do que pode estar acontecendo com o aluno. Este processo é fundamental, porque não é só o objeto do conhecimento e do saber que está sendo construido, mas também a modalidade de aprendizagem do aluno.
O conceito de modalidade de aprendizagem proposto por Alícia Fernandez permite que se passe do universal para o particular, do estático para o dinâmico, do concreto para o abstrato, de uma percepção do objeto pedagógico construido para um objeto pedagógico em construção. O aspecto fundamental deste processo é o modo como se dá o processo de construção do material pedagógico no interior do sujeito. A construção do material pedagógico e da modalidade de aprendizagem do aluno são processos em estruturação:


Em cada um de nós, podemos observar uma particular "modalidade de aprendiza-
gem", quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do conhecimento e para
conformar seu saber.  Tal modalidade de aprendizagem constrói-se desde o nasci-
mento, e através dela nos deparamos com a angústia inerente ao conhecer-desco-
nhecer.
A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, um molde, um esquema de
operar que vamos utilizando nas diferentes situações de aprendizagem.  Se anali-
sarmos a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, veremos semelhanças com
sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com o dinheiro
(Fernandez, 1991: 109).

A modalidade de aprendizagem revela a forma e o conteúdo do processo de estruturação da aprendizagem do sujeito, trazendo em seu bojo a criação do material pedagógico como um objeto resultante do processo de ensino-aprendizagem. Diferentemente do modelo de aprendizagem geral e universalista, a modalidade de aprendizagem é sempre singular e específica. O material pedagógico ou objeto pedagógico construido interiormente Pelo aluno é sempre único. É através da modalidade de aprendizagem do sujeito que realmente podemos conhecer como o material introduzido pelo professor foi captado e quais são as necessidades específicas do aluno. São estas necessidades específicas que deverão nortear o nosso trabalho. João, ao entrar na sala, começa a passar a mão em todos os objetos, como se através deste processo pudesse percebê-ios melhor o objeto. A sua modalidade de aprendizagem o leva a privilegiar o tato como um processo de construção do conhecimento. Todos os objetos com os quais interage são percebidos como objetos táteis. Isso mostra que há em seu interior uma necessidade específica, que o leva a construir a sua modalidade de aprendizagem direcionada para o lado tátil do conhecimento e do saber. Ciente disso, o psicopedagogo ou professor pode estruturar as atividades propostas, ensinando as diferentes texturas dos objetos: áspero, liso, aveludado etc. Ou pode pedir para que a criança fale de suas percepções, investigando o modo como ela constrói o objeto.
O que são os brinquedos e materiais pedagógicos enquanto objetos estruturadores do conhecimento e do saber?
Primeiramente brinquedos, jogos e materiais pedagógicos não são objetos que trazem em seu bojo um saber pronto e acabado. Ao contrário, eles são objetos que trazem um saber em potencial. Este saber potencial pode ou não ser ativado pelo aluno.
Em segundo lugar, o material pedagógico não deve ser visto como um objeto estático sempre igual para todos os sujeitos. O material pedagógico é um objeto dinâmico que se altera em função da cadeia simbólica e imaginária do aluno.
Em terceiro lugar, o material pedagógico traz em seu bojo um potencial relaciona], que pode ou não desencadear relações entre as pessoas. Assim, o objeto que desencadeou relações muito positivas em uma classe pode ser o mesmo que paralisará outra.
Em quarto lugar, o material pedagógico são objetos que trazem em seu bojo uma historicidade própria. Além de portar a historicidade de cada aluno e professor, eles apresentam também a historicidade da cultura de uma dada época. Por exemplo, poderíamos pensar que a boneca da Grécia antiga apresenta em seu bojo as mesmas características simbólicas e imaginárias da boneca contemporânea. Mas será que isto é verdadeiro?
Conforme a Sociologia e a História Antiga, as bonecas gregas estavam inseridas em sociedades distintas do ponto de vista sócio-econômico. A sociedade grega era escravagista, com um lugar peculiar em relação à posição da mulher. Em Esparta, a mãe destruía os filhos que apresentavam algum tipo de deficiência. Privilegiava-se mais o vínculo da mãe com a sociedade do que com a criança. Nosso conceito de maternidade é diferente da concepção de maternidade da Grécia antiga, o que acaba afetando também a visão do objeto concreto boneca.
Quando se lida com brinquedos, jogos e materiais pedagógicos deve-se atentar a uma enorme quantidade de estruturas de alienação no saber que cercam estes objetos. É preciso que elas sejam identificadas com precisão, para que o processo de intervenção psicopedagógica se realize mais facilmente.
O uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos o processo de construção da inteligência do aluno
É importante não se fazer uma leitura rasa do processo de escolarização e construção da inteligência da criança. Howard Gardner estudou a possibilidade de a criança apresentar mais de um tipo de inteligência:


(... ) Em certo sentido, ler abre o mundo.  O estudo de Scribner-Cole nos
relembra, porém, que devemos ser cuidadosos antes de supor que qualquer
forma de educação necessariamente acarreta amplas conseqüências.  E, de
fato, quando consideramos as vastas diferenças entre uma escola rural e uma
escola religiosa tradicional ou entre uma escola religiosa tradicional e uma
escola moderna, parece claro que o tipo de escola faz uma diferença intelectual
tão grande quanto o fato da escolarização em si (Gardner, 1994: 275).

Muitas vezes, ao longo da formação da modalidade de aprendizagem do sujeito penas certas faixas de inteligência foram privilegiadas. Na sociedade tradicional é bastante comum um desenvolvimento baseado nas atividades de memorização; assim como na sociedade moderna ocorre um privilegiamento do pensamento lógico-matemátlco. Por razões de ordem pessoal o aluno pode ter ficado exposto a outras faixas específicas do processo de conhecimento.
Uma criança autista que gostava de música ficou muito mais exposta a discos e fitas musicais do que uma outra que não gostava. O professor pode partir deste aspecto para a ensiná-la. Com isso, o aprendizado da música deixou de ser apenas um efeito mecânico do processo de memorização da inteligência musical para tornar-se produto de uma investigação e estruturação de outros tipos de inteligência.
Tradicionalmente se pressupõe um uso de brinquedos, materiais e jogos em que se acredita que os conhecimentos de um tipo de 'Inteligência transitem facilmente para outro. Gardner revelou que este processo não ocorre de forma natural e precisa ser desencadeado pelo professor.


(...) cada inteligência é relativamente independente das outras e que os
talentos intelectuais de um indivíduo, digamos, em música, não podem
ser inferidos a partir de suas habilidades em matemática, linguagem ou
compreensão interpessoal (Gardner, 1994: XI).

Os brinquedos, jogos e materiais pedagógicos geralmente são empregados a partir de um modelo de inteligência unidimensional que privilegia o eixo cognitivo. Estudos recentes têm revelado que as inteligências podem ser várias e não necessariamente intercambiáveis entre si. Embora a criança autista tenha uma excelente memória para a música, isto não quer dizer que o mesmo ocorra com os seus outros tipos de inteligência. A sua inteligência lingüística pode ainda não ter percebido o sentido das palavras. A sua inteligência lógico-temporal pode ainda não saber o que é passado, presente e futuro etc.
Embora o mesmo material tenha a possibilidade de ser utilizado por várias inteligências, isto não quer dizer que ele seja efetivamente empregado na prática. Ele pode ficar apenas no uso potencial. Conforme o aluno um trabalho mais específico pode ser necessário.
Do livro Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação - Cortez Editora
Bibliografia
BARTHES, Roland. O rumor da língua. Lisboa, Edições 70, 1987.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa, Dlfel, 1989.
FERNANDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre, Artes Médicas, 1991.
GARDNER, Howard. As estruturas da mente - a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.
KOHL, Marta. Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo, Scipione, 1993.
LACAN, Jacques. O eu na teoria e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1985.
MAUCO, Georges. Psicanálise e Educação. Lisboa, Moraes Editores, 1987.
MERANI, Alberto L. Psicologia e pedagogia - as idéias de Henri Wallon. Lisboa, Editorial Notícias, 1977.
MRECH, Leny M. O espelho partido e a questão da deficiência mental moderada e severa em seu vínculo com as estruturas de alienação no saber. São Paulo, Ipusp, 1989.
MRECH, Leny M. Uma breve discussão a respeito da concretude do material pedagógico. ln: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Ano 6, n. 13, jun. 1987.

ASPECTOS PRESENTES NA BRINCADEIRA DE FAZ-DE-CONTA DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

SPECTOS PRESENTES NA BRINCADEIRA DE FAZ-DE-CONTA DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
Escrito por Sonia Lopes Victor

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Sonia Lopes Victor
(UFES)

Este trabalho investigou a brincadeira de faz-de-conta da criança com síndrome de Down em seus diversos aspectos, tendo como base duas questões gerais:
Como a criança reconstrói a realidade objetiva dos objetos e das relações sociais e de trabalho entre os homens?
E qual dessas vertentes influencia mais nesta reconstrução, caracterizando-se como mediadora entre o real e o faz-de-conta?
Vimos que tanto a deficiência mental quanto o jogo infantil recebem influências acadêmico-científicas de diversas áreas de conhecimento, como da sociologia, da antropologia, da filosofia, da psicologia, etc., além das influências do senso comum. Esta diversidade de paradigmas permite uma riqueza de concepções e teorias a respeito desses temas, mas também, provoca polêmicas quanto à sua definição, características e implicações sociais e educacionais.
Sem dúvida, as concepções existentes em relação aos dois fenômenos interferem na forma como os investigamos e, também, em suas construções histórico-culturais, que irão influenciar, principalmente, a opinião pública e a formação dos educadores e profissionais que atuam com eles. Por isso é mister a preocupação constante em defini-los cientificamente de forma a expressar de fato o que eles representam, apoiados na literatura cronologicamente acumulada sobre os mesmos.
Portanto, para a discussão deste dois fenômenos nos apoiamos nos trabalhos dos autores representantes da abordagem histórico-cultural e em pesquisas recentes sobre o jogo e/ou deficiência mental.
Embora diversos estudos indiquem avanços no desenvolvimento das crianças com deficiência mental que tiveram oportunidades de iniciar um trabalho pedagógico na tenra idade, a limitada educação infantil destinada às crianças com deficiência mental dificulta uma maior compreensão sobre a sua atividade principal nessa fase do desenvolvimento.

“[...] Chamamos atividade principal aquela em conexão com a qual ocorrem as mais importantes mudança no desenvolvimento psíquico da criança e dentro da qual se desenvolvem processos psíquicos que preparam o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento” (Leontiev, 1988, p.122).

Assim, vimos que na fase compreendida pela educação infantil há o predomínio do jogo, especialmente o jogo de faz-de-conta, o que levou Leontiev a considerá-lo a principal atividade da criança.
Quanto às pesquisas que tratam do tema em questão, em geral, elas estão mais voltadas para a relação entre a criança com deficiência e o ensino de habilidades, como a escrita e a leitura, e os conceitos básicos e matemáticos.
O jogo de faz-de-conta, como afirma Bontempo,

“[...] recebe várias denominações: o jogo imaginativo, jogo de faz-de-conta, jogo de papéis ou sociodramático. A ênfase é dada à “simulação” ou faz-de-conta, cuja importância é ressaltada por pesquisas que mostram sua eficácia para promover o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança” (Bontempo, 1996, pp.57-58).

Ainda no que se refere a essa questão, a autora considera que “os termos simbólicos, representativo, imaginativo, fantástico, de simulação, de ficção ou faz-de-conta podem ser vistos como sinônimos, desde que sejam empregados para descrever o mesmo fenômeno” (Bontempo, 1996, p.58). Dessa forma, na medida em que estivermos nos referindo a uma determinada teoria sobre o jogo, manteremos a nomenclatura usada pelo autor. No decorrer desta pesquisa, preferimos a utilização do termo faz-de-conta por ser mais comum e por já trazer de forma intrínseca sua definição. Além disso, utilizamos como sinônimos as palavras jogo e brinquedo, conforme a referência que fazem os autores dessa atividade.
A vasta literatura sobre o tema jogo e as constantes polêmicas e discussão aos seu redor permitiram a elucidação de diversas questões e também deram condições para uma análise mais segura deste fenômeno. Kishimoto, embasada nas teorias histórico-antropológicas, nos mostra uma preocupação com a definição de jogo e indica uma forma mais sólida para investigá-lo.

“Muitos fenômenos que expressam o jogo alertam para a complexidade de uma definição que inclua todos os tipos de jogos na mesma classe.
A dificuldade aumenta quando se compreende que um mesmo comportamento infantil pode ser jogo ou não-jogo (...). Portanto, é perda de tempo buscar uma definição única que inclua todos os fenômenos considerados como jogo. É mais lógico investigar o sentido que cada contexto atribui ao termo.
Pesquisar o sentido da palavra jogo no cotidiano de cada segmento social exige a compreensão, de um comportamento a descrever, próprio de áreas construída coletivamente, como resultado de conhecimentos, valores, necessidades, mitos e superstições” (Kishimoto, 1992, p.9).

Esta autora indica que muitos critérios foram destacados ao longo do estudo desse fenômeno tentando defini-lo. Contudo, muitos como o prazer, o caráter não-sério, a liberdade de ação, a separação do jogo dos fenômenos cotidianos, a existência de regras em certos jogos, o caráter fictício, a limitação no tempo e no espaço, o predomínio da incerteza e o caráter improdutivo de não criar nem um bem nem riqueza já foram questionados e descartados, restando-nos alguns mais seguros apontados por Christie (Apud: Kishimoto, 1992, p.9) como a não-literalidade, os efeitos positivos, a flexibilidade, a prioridade do processo de brincar, a livre escolha e o controle interno do jogo pelos jogadores, dos quais o autor considera os dois últimos os mais significativos no auxílio aos pesquisadores que investigam o fenômeno no âmbito escolar.
Dessa forma, a autora cita a definição provisória de jogo formulada por Henriot com base nos critérios que Christie apontou para caracterizá-lo.

“Chamar-se-á jogo (título provisório), toda situação estruturada por regras, nas quais o sujeito se obriga a tomar livremente um certo número de decisões tão racionais quanto possíveis, em função de um contexto mais ou menos aleatório” (Apud: Kishimoto, 1992, p.15).

Segundo Kishimoto, para Henriot, a necessidade dessa definição provisória justifica-se na pluralidade desse fenômeno que aparece nas suas diversas classificações apontadas por muitos teóricos em diferentes áreas de conhecimento.
Isto posto, prosseguiremos destacando as principais premissas presentes na teoria histórico-cultural que foram formuladas por Vygotsky, Elkonin e Leontiev sobre o tema em questão.
Para Vygotsky, ao reproduzir o comportamento social do adulto, em seus jogos, a criança combina situações reais com elementos da sua ação fantasiosa. Esta fantasia surge da necessidade da criança em reproduzir o cotidiano da vida do adulto no qual ela ainda não pode participar ativamente. No entanto, esta reprodução necessita de conhecimentos prévios da realidade externa. Por isso, quanto mais rica for a experiência humana, maior será o material disponível para suas imaginações que irão se materializar em seus jogos.
Nos estudos sobre o desenvolvimento infantil, Vygotsky mostra que não é correto definir o jogo infantil como uma atividade que dá prazer à criança, porque muitos jogos, no final da idade pré-escolar, causam-lhe desprazer.
Para este autor, muitos teóricos desprezam os motivos que levam a criança à ação, preferindo estudar o seu desenvolvimento a partir das funções intelectuais. Devido a isso, criam dificuldades no entendimento do processo de desenvolvimento da criança. Assim, não percebem como as mudanças nas necessidades das crianças estão diretamente relacionadas aos incentivos e motivações que as levam à ação e que acompanham gradativamente o seu desenvolvimento e a sua percepção da realidade. Dessa forma, diz que “[...] se não entendermos o caráter especial dessas necessidades, não podemos entender a singularidade do brinquedo como uma forma de atividade” (Vygotsky, 1991, p.106).
Como explica Vygostky, para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário, onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e tal mundo é o que esse autor definiu como brinquedo.
De acordo com Leontiev (Leontiev, 1988), colaborador nos estudos de Vygotsky, o brinquedo surge a partir das necessidades da criança em agir, em relação não apenas ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela, mas também em relação ao mundo mais amplo dos adultos. Essa contradição de querer agir sobre a realidade objetiva, mesmo não tendo condições para tal, faz com que surja o brinquedo. Por isso, é necessário compreendê-lo a partir de sua origem, com o propósito de saber lidar com a sua manifestação na infância, submetendo as crianças às suas leis próprias de desenvolvimento, porque, caso contrário, podemos nos deparar com a paralisação do brinquedo no lugar do seu controle.
Para Elkonin (1988), no jogo são reconstruídas, sem fins utilitários, as relações sociais. Nesse sentido, afirma que, embora o jogo pareça estar ligado mais à esfera do irreal (fantasia, imaginação, sonhos), porque nele as crianças utilizam objetos e ações substitutivos para realização da brincadeira, isso não acontece, pois é a realidade circundante que é decisiva para o surgimento do jogo. Para tanto, essa realidade divide-se em duas esferas: a dos objetos e a das atividades e relações humanas, sendo a segunda a sua maior influenciadora. Dessa forma, considera que são precisamente o papel e as ações ligadas organicamente com ele que constituem a unidade do jogo.
Para o estudo do jogo, Elkonin recomenda que não separemos os processos psíquicos que o envolvem, senão esse poderia perder totalmente a sua originalidade qualitativa como atividade peculiar da criança. Contudo, o autor observou em suas pesquisas alguns aspectos que estão presentes no jogo protagonizado, como os papéis assumidos no momento da brincadeira pela criança, as suas ações lúdicas de caráter sintético para desenvolver o papel, o emprego lúdico dos objetos e as relações autênticas entre as crianças para direcionar o jogo. Enfim, todos esses aspectos evoluem a partir ou em torno da definição do papel a ser protagonizado pela criança na brincadeira.
Referindo-se aos temas dos jogos das crianças, o mencionado autor diz que esses são variados, representam as condições concretas da vida da criança e se modificam de acordo com as condições amplas de sua vida e as condições restritas de seu desenvolvimento. Dessa forma, o conteúdo do jogo pode revelar o grau de envolvimento da criança na atividade do adulto.
Portanto, para o referido autor, o fundamento do jogo é social, porque nasce ao longo do desenvolvimento histórico da sociedade, como resultado da mudança de lugar da criança no sistema de relações sociais. Para ele, os jogos protagonizados são um modo de penetração na esfera, vedada para as crianças, da vida e das relações dos adultos. Nesses jogos, as crianças não só reconstituem uma esfera do trabalho dos adultos inacessível para elas, como também os afazeres domésticos nos quais participam mais diretamente.
Em paralelo, os estudos sobre a deficiência mental mostram que essa é uma categoria muito ampla e, que por isso, sugere indagações a respeito de como tantos indivíduos com características físicas, emocionais, sociais e educacionais distintas podem estar localizados, para fins de estudo, de forma indiscriminada, dentro de uma mesma categoria genérica.
Mendes (1995) considera que esta categoria recebe influência das diferentes concepções, baseadas tanto no senso comum quanto na ciência, que são formuladas pelas pessoas em seus diferentes contatos com os portadores da deficiência mental.
Conforme a autora, as nossas percepções das pessoas com deficiência estão diretamente relacionadas com as nossas concepções a seu respeito e, conseqüentemente, os avanços que hoje temos em suas definições e caracterização só nos foram possíveis quando a deficiência mental deixou de ser um atributo e passou a ser investigada a partir dos seus aspectos sócio-culturais.
Nos seus estudos sobre o desenvolvimento e aprendizagem humanos, Vygotsky revela a preocupação em livrar-se de um olhar biologizante sobre a deficiência mental para pôr em seu lugar um olhar social, enfatizando que o insuficiente avanço observado no desenvolvimento dos indivíduos com deficiência mental era decorrente da educação inadequada destinada a eles. Para este autor, a educação deveria ser respaldada por métodos e procedimentos que permitissem um desenvolvimento semelhante aos das crianças não deficientes, e portanto, fez críticas à escola especial da época, considerada por ele como uma instituição que impedia o convívio entre as crianças com deficiência e as crianças com desenvolvimento típico da mesma idade.
Nesse sentido, preocupou-se com a deficiência resultante do caráter biológico daquela (s) que representava (m) a (s) conseqüência (s) social, destacando que para o desenvolvimento de todas as crianças são aplicadas as mesmas leis gerais, observando a sua relação com o ensino a partir da teoria da zona de desenvolvimento proximal, que corresponde à interseção entre o desenvolvimento real da criança já estabelecido e o seu desenvolvimento potencial.
Sua tese é que a criança com deficiência não apresenta um desenvolvimento incompleto e insuficiente em relação à criança com desenvolvimento típico da mesma idade, mas sim um desenvolvimento que segue um caminho peculiar, diferenciando-se em seus aspectos qualitativos.
No que se refere à educação destas crianças, Vygotsky acreditava que o papel do educador estava em descobrir as vias peculiares pelas quais elas aprendiam e que ele deveria conduzi-las. A descoberta destas novas vias eram impostas pelo meio social e orientada para fins sociais e, portanto, deveriam ser investigadas em conjunto com eles a fim de esclarecer o processo peculiar do desenvolvimento que ocorre nas crianças com deficiência.
Para Vygotsky a compensação do déficit intelectual pode estar nas outras vias do desenvolvimento humano como no desenvolvimento motor. Daí a importância de um estudo conjunto das diversas vias do desenvolvimento a fim de propor alternativas para educação destas crianças para além das atividades intelectuais como ler, escrever e contar.
As possibilidades de surgimento das vias indiretas do desenvolvimento são influenciadas pelas condições afetivas favoráveis que conduzem a criança a reinventar um novo caminho para transpor as suas deficiências e seguir de um modo peculiar pela via direta do desenvolvimento.
No entanto, as possibilidades criativas da criança com deficiência de dar outro rumo ao seu processo de desenvolvimento por via indireta dependerá das solicitações e mediações do meio.
O pensamento de Vygostsky sobre o desenvolvimento e a educação da criança com deficiência está em consonância com a tendência em incluir todas as crianças no ensino regular, propondo uma ação conjunta entre a Educação Especial e a Educação Regular que permita à Educação Geral atender tanto os alunos com necessidades educativas especiais quanto aqueles com desenvolvimento típico, a menos que haja razões convincentes para o contrário, que indiquem o encaminhamento do educando para recursos educacionais segregados.
Pensando nisso muitos dos profissionais envolvidos com a educação especial estão procurando novas iniciativas didático-metodológicas para atuarem com crianças que apresentam déficit intelectual. Uma dessas iniciativas é utilizar o jogo no processo educacional visto não somente em seu aspecto didático, mas como atividade mediadora entre o real e a fantasia comum a toda criança.
Nesta pesquisa, confrontamos dados, evidências e informações coletadas, os quais compõem o conhecimento teórico acumulado sobre o assunto em questão, com aqueles que encontramos na realidade estudada. E, a partir daí, construímos o conhecimento sobre o fato pesquisado. Nosso desafio foi o de tentar captar toda a complexidade da dinâmica do objeto de estudo. Nosso comportamento como pesquisador, portanto, foi o de nos colocarmos no meio do fenômeno investigado, participando às vezes de forma mais direta, outras menos, do seu processo. Para tanto, lançamos mão da observação direta ou observação participante, da entrevista semi-estruturada e da análise documental. Esta última nos serviu para complementar as informações obtidas pelas outras técnicas de coleta. Assim, fica exposto explicitamente em nosso texto que a situação de coleta de dados foi a mais natural possível, isto é, a nossa pesquisa teve o ambiente natural da situação investigada como fonte direta de dados. Aí tentamos presenciar o maior número de situações que envolviam o objeto pesquisado. Tais fatos fazem com que esta pesquisa se aproxime mais da pesquisa qualitativa.
Dentro deste tipo de pesquisa, esta pesquisa se aproxima mais do tipo de abordagem etnográfica por focalizar questões mais globais referentes ao desenvolvimento humano e por nos preocuparmos mais com a compreensão e a descrição da dinâmica que apresenta o fenômeno pesquisado, o que envolve o contexto em que esse se desenrola e evolui, do que com outros aspectos mais voltados à quantificação e à comparação dos dados.
Esta pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública pertencente à Rede Estadual de Ensino de São Paulo (SP), que fica localizada na zona oeste da cidade de São Paulo e que teve sua origem na década de 70. A maior parte dos dados foi colhida em duas classes especiais destinadas à educação de crianças com deficiência mental. As salas eram localizadas próximas às salas reservadas à educação das crianças que freqüentavam o ensino regular e, no intervalo das atividades escolares, todos os alunos se encontravam no parque.
Os participantes selecionados para este estudo foram todas as crianças com Síndrome de Down (três meninas e um menino), com idades entre 8 e 11 anos que, freqüentavam as classes especiais destinadas à educação infantil. As três meninas estudavam na sala 1, enquanto o menino era a única criança com Síndrome de Down na sala 2. As famílias das três meninas podem ser consideradas com nível sócio-econômico baixo e a do menino parece apresentar melhores condições econômicas, podendo ser classificada em um nível sócio-econômico médio. Duas das meninas foram matriculadas este ano nesta escola, ao passo que a outra menina e o menino já a freqüentavam anteriormente.
A escolha por crianças com Síndrome de Down justifica-se, primeiro, pelo fato de que estas apresentam, independentemente dos motivos causadores da síndrome, traços físicos específicos e deficiência mental, o que torna o nosso trabalho mais preciso, no que se refere ao grupo a ser investigado. Em segundo lugar, porque existe uma literatura mais vasta que tem avançado nos estudos dos diferentes aspectos que envolvem o desenvolvimento destes indivíduos, a qual concentra-se, sobretudo no estudo das crianças menores.
Todos os participantes receberam um nome fictício. Denominamos as meninas de Sueli, Eva e Vera. O menino recebeu o nome de Renato.
Descrita de forma bastante global, a pesquisa envolveu acompanhar a atividades lúdicas de todas as crianças com Síndrome de Down que freqüentavam classes especiais destinadas à educação infantil da crianças com deficiência mental de uma escola da rede pública de ensino, durante 47 dias do ano letivo de 1998.
A coleta de dados foi efetuada ao longo dos, aproximadamente, nove meses letivos (13 de fevereiro a 09 de outubro de 1988.
Na sala da professora Diana - nome fictício - (sala 1) existiam três meninas com síndrome de Down: Sueli, Vera e Eva. As duas primeiras crianças, nós já conhecíamos da escola anterior. As observações que, a princípio ocorreriam todas as segundas e quartas-feiras, foram realizadas na sala de aula, compreendendo o horário entre 7h15 e às 8h15, e no horário das 8h30 às 9h30. O primeiro horário foi-nos sugerido pela professora cm a intenção de nos proporcionar o momento mais rico em atividades lúdicas, iniciadas e mantidas pelas crianças, em “interação livre” com os brinquedos/objetos e com os colegas. No segundo horário, a professora conversava com as crianças na roda e desenvolvia atividades direcionadas. Realizamos, também, as observações das crianças no parque, durante o recreio, no horário entre 9h40 às 10h30.
No início de abril, conversamos com a professora Ana - nome fictício - (sala 2) e ela nos autorizou a observar Renato em sua sala de aula. Assim, mais um aluno com síndrome de Down passou a fazer parte do grupo das crianças-participantes da pesquisa.
Durante o período estabelecido para a coleta de dados sobre a brincadeira de faz-de-conta da criança com a síndrome de Down, pudemos registrar vários elementos que fizeram parte do conjunto de mediadores que colaboraram para o aparecimento deste tipo de brincadeira no ambiente escolar desta criança.
Assim, buscamos compreender o fenômeno da brincadeira de faz-de-conta a partir das primeiras relações do ser humano com as pessoas e objetos formadores da realidade externa, isto é, da realidade que não faz parte dele, mas que está em constante interação com ele, permitindo-lhe entender e dar significados para suas ações sobre o mundo real em diferentes sociedades e culturas e em diferentes momentos históricos.
O nosso ser histórico-cultural se diferencia dos outros em virtude de ter sido acometido por uma síndrome que comprometeu sua capacidade intelectual e, em conseqüência disto, limitou seu entendimento da realidade externa, propondo-lhe vias muito peculiares para entendê-la. Para tanto, tentamos unir teorias dentro de uma abordagem psicológica e socioantropológica sobre a brincadeira de faz-de-conta que nos permitisse mostrá-la como um fenômeno que não existiria sem as relações sociais e de trabalho entre os homens e as relações dos homens com os objetos culturais. Nesse sentido, nosso propósito para esta pesquisa foi estritamente destacar alguns aspectos que foram revelados durante os episódios da brincadeira de faz-de-conta dos nossos participantes, com a certeza de que estes poderão contribuir para uma posterior compreensão da importância do brincar para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança com deficiência mental.
De forma geral, nossos dados mostraram que as quatro crianças com síndrome de Down desenvolveram brincadeiras de faz-de-conta com temas que, em sua maioria, representavam as relações sociais e de trabalho entre as pessoas. Não registramos nenhum caso de ausência de brincadeira de faz-de-conta, embora algumas crianças apresentassem uma freqüência maior do que outras. Tal dado pode ser verificado no quadro abaixo.

 Participantes T.TotalT. Faz-de-Conta
Sueli 16:09:26 06:37:0540,96
Eva10:10:2103:29:2634,31
Vera09:42:2801:33:4216,09
Renato10:50:2604:13:5239,03

De acordo com os dados, todas as crianças participantes desta pesquisa, dentro do período de nossas observações, gastaram um tempo significativo brincando de faz-de-conta.
Durante as brincadeiras foram representadas situações domésticas, que se dividiam entre os temas que destacavam os cuidados com a prole e as atividades domésticas diárias, principalmente, da mãe dona-de-casa (cozinhar, lavar, arrumar, etc.) e representações de situações domésticas envolvendo toda a família (pai, mãe, filho, etc.). Houve também representações das situações escolares destacando atitudes estereotipadas da professora e dos alunos mediadas por materiais (papel, canetas, cola, etc.) e equipamentos escolares (carteira, lousa, etc.), que pareciam definir as atividades que seriam realizadas.
Além disso, registramos o desenvolvimento de temas lúdicos que destacavam as relações de trabalho que mostraram a representação de papéis de variados profissionais, como cabeleireira, artista de circo (apresentador, mágico, palhaço, etc.), médico, dentista, jogador de futebol, fotógrafa e pião de rodeio. Estes papéis foram mediados pela manipulação de objetos como bola de futebol, máquina fotográfica de brinquedo, peças de brinquedos de encaixe, cavalo de pau, chapéu, etc., mas também por ações e/ou falas protagonizadas relativas ao personagem social que estava sendo representado. Por exemplo, na representação do papel da cabeleireira a criança alisou os cabelos de outra colega, que estava sentada de costas para ela com as pernas enfiadas entre o assento do banco e o encosto, como se estivesse penteando-os.
Assim, tanto o critério verbal quanto o de natureza comportamental foram utilizados para delimitarmos os episódios considerados como faz-de-conta. Nos episódios intitulados: conversa com a sua imagem no espelho, leitura simulada, construção de brinquedos, construção de cidade, etc., o critério verbal nos possibilitou considerá-los situações de faz-de-conta. Neles, embora a criança apresentasse um comportamento socialmente padronizado ao olhar-se ou pentear-se em frente ao espelho, folhear uma revista, arrumar peças de madeiras uma ao lado da outra em diferentes posições, encaixar peças de um brinquedo, etc., a sua fala protagonizada nos indicava que ela estava imersa em uma situação de faz-de-conta.
Foi utilizado um total de 28 fitas de vídeo de 120 minutos para as filmagens que registraram as ações lúdicas das crianças na sala de aula e no parque, durante os intervalos das atividades escolares. Após assisti-las, selecionamos 102 episódios de faz-de-conta a partir de dados relativos ao comportamento da criança ou a verbalização durante a brincadeira. Sueli, Renato, Vera e Eva realizaram, respectivamente, 57, 17, 13 e 15 episódios de faz-de-conta. Sueli apresentou a maior freqüência de episódios porque muitos deles tiveram uma duração entre um e três minutos, além de comparecer mais vezes às aulas do que seus colegas.
Mediante os episódios de faz-de-conta intitulados por nós, de acordo com seus aspectos mais significativos, construímos, conforme o quadro de temas elaborados no artigo, o seguinte quadro:

TemasAtividades
Atividades domésticasBrincar de casinha, cuidados com a prole, brincar de família
Acontecimentos sociais domésticos ou micro-sociaisCasamentos, batizados, aniversários, velórios, enterros, etc.
Acontecimentos sociais não domésticos ou macro-sociaisMissas, passeatas, festa junina, rodeios, etc.
Papéis sociaisProfissões, médico, professora, etc.
AventuraBrincadeiras de heróis, tesouro, monstros, guerra, polícia e ladrão, etc.
TransportesDirigir carros, avião, ônibus, trem, etc.
EsportesJogos como futebol, camping e pescaria
EdificaçõesConstrução de casas, castelos, bolos, estradas
Manipulação de objeto/brinquedo com indícios de faz-de-contaQuando a criança manipula o objeto ou brinquedo temáticos, utilizando as suas funções padronizadas socialmente, não se percebendo um tema explícito que indique a imersão dela em um episódio de faz-de-conta.
Representações apoiadas em imagens e letrasInclui episódios de leitura simulada (revistas em quadrinhos e livros infantis) que têm imagens e letras, conversa com a imagem no espelho (quando não conseguimos deduzir qual papel está sendo representado pela imagem no espelho, apesar de notarmos pelo gestos e expressões faciais da criança-participante uma interação com a mesma) e conversa com gravuras e fotos das revistas (apenas imagens de objetos, animais, pessoas, etc.).

A categoria acontecimentos sociais domésticos ou micro-sociais foi elaborada para englobar episódios que representassem situações que envolvessem apenas o grupo familiar e membros próximos a ele. Imaginamos e selecionamos, dentro de nosso universo de episódios de faz-de-conta, acontecimentos sociais que não se identificaram com a simples atividade doméstica de brincar de casinha, de cuidar da prole ou brincar e família.
A categoria acontecimentos sociais não domésticos ou macro-sociais incluiu um conjunto de situações que ocorrem na sociedade, mas que não se limita a um pequeno grupo de pessoas, e sim a um público maior.
A categoria manipulação de objetos/brinquedo com indícios de faz-de-conta representa os episódios nos quais a criança manipula o objeto ou brinquedos temáticos, utilizando as suas funções padronizadas socialmente, sem que tivéssemos percebido um tema explícito que indicasse a imersão dela em um episódio de faz-de-conta.
A última categoria organizada por nós foi a que reuniu representações apoiadas em imagens e letras e originou três temas. O primeiro deles recebeu o título de leitura simulada. Neste, a criança parece fazer-de-conta que está lendo revistas em quadrinhos e livros de histórias infantis. O outro tema é o que chamamos de conversa com a imagem no espelho. Aqui não conseguimos deduzir qual papel estava sendo representado pela imagem no espelho, apesar de notarmos pelos gestos e expressões faciais da criança-participante uma interação com a mesma. Por último, incluímos nesta categoria conversa com gravuras e fotos das revistas, onde a criança parecia manter um diálogo com imagens de objetos, animais e pessoas.
Dentro deste número de episódios selecionados, Sueli realizou 57 episódios de faz-de-conta, Renato realizou 17, Vera desenvolveu 13 e Eva realizou 19 episódios de faz-de-conta. Os episódios de maior freqüência foram os de atividades domésticas e profissões e os de menores freqüências foram os de transporte e edificações.
Nesta pesquisa investigamos as relações entre a criança com síndrome de Down e a sua brincadeira de faz-de-conta examinadas em seus vários aspectos, como a relação da fantasia e dos elementos da realidade; a comunicação lúdica; o papel, as regras, o gênero e a situação sócio-econômica; o uso do objeto e do espaço lúdicos e as relações sociais.
Quase não existiram atos lúdicos mediados pelas representações de elementos do fantástico como fadas, bruxas, super-heróis e personagens de desenhos da TV. Registramos alguns episódios nos quais as crianças utilizaram fantasias e roupas comuns (roupas e adereços que ficavam em uma caixa de papelão no canto da fantasia) e não pareciam representar uma situação para qual pudéssemos dar um tema. As crianças pareciam se interessar por temas cujo papel do personagem-chave sabiam interpretar. Acreditamos que a representação do papel de um ser fantástico, apesar dos contos de fadas, não teria tantos elementos verbais e comportamentais conhecidos pela criança para compor sua performance quanto os papéis sociais.
Os dados mostram que o jogo nasce e se desenvolve conforme as condições da vida da criança na sociedade. Dessa forma, vimos que deste tipo de jogo fez menos parte do enredo os elementos e fatos do fantástico do que os elementos e acontecimentos da realidade externa.
A comunicação lúdica durante a brincadeira de faz-de-conta mostrou basicamente que a criança, embora estivesse próxima a outra lançando e trocando olhares e até mesmo abordando-a verbalmente, parecia falar consigo mesma, existindo apenas um fragmento de um diálogo que aparentemente não exigia um interlocutor explícito, mas alguém que permitisse a representação do seu papel sem necessariamente interagir mesmo quando o convite era expresso formalmente por uma das partes para brincar junto.
Desse modo, o papel se instalava sem que a brincadeira fosse planejada e comunicada ao outro. A criança iniciava sua representação e envolvia os colegas em torno dela, mas estes não sabiam ou pareciam não saber que brincavam de um tema qualquer.
A comunicação lúdica constituída como fala protagonizada apresentou variações no anúncio da brincadeira, na dicotomia brincadeira e realidade e nos diferentes modos de se relacionar com o objeto ou com o outro. Notamos um maior domínio da linguagem pela criança com deficiência mental nessas variações. A linguagem parecia tornar-se mais plástica e apresentar um maior número de detalhes, apresentando-se de forma diferente da habitual utilizada para interagir com professores, pais e colegas em situações lúdicas e não-lúdicas.
Os resultados das observações mostraram que as brincadeiras das crianças-participantes desta pesquisa apresentaram caráter temático. Elas reconstruíram os papéis sociais a partir das ações genéricas típicas e organicamente ligadas a estes. No entanto, representaram estes papéis caricaturando os seus personagens, isto é, enfatizavam o autoritarismo da professora em seus comportamentos e verbalizações lúdicas.
Percebemos, também, que a criança muda de papel à medida que necessita inserir um novo personagem na brincadeira.
No que se refere ao gênero, tanto as meninas participantes desta pesquisa quanto o menino ocupavam um espaço restrito para desenvolver seus episódios de faz-de-conta como os cantos temáticos ou uma pequena parte da sala de aula.
A posse do objeto foi o primeiro aspecto observado por nós no que se refere a sua utilização lúdica. O desejo de possuir o objeto parecia superar a possibilidade da brincadeira conjunta.
Os objetos também pareciam indicar o papel a ser representado. O cavalo de pau e o chapéu, por exemplo, sugeriam a representação do pai que ia e vinha do trabalho, a bolsa e a boneca estruturavam o papel da mãe, o jaleco branco induzia à representação de médico, livros, canetas, papel e bolsa conduziam ao papel de professora.
Os significados dos objetos são conhecidos pelas crianças através de sua vivência cotidiana. Mas, no faz-de-conta, os sentidos a eles atribuídos não são os mesmos. Os objetos são substituídos por outros de acordo com a necessidade da criança.
Quanto às relações sociais, conforme os registros, as agressões de todos os tipos, físicas e verbais de ambas as partes, impossibilitavam as crianças da classe especial de brincarem junto com as crianças das salas de educação infantil. Geralmente, quando a criança da classe especial participava das brincadeiras de faz-de-conta promovidas pelas crianças das classes de educação infantil, ela representava um papel de coadjuvante, submetendo-se às ações lúdicas destas. No entanto, apesar disso, a participação da criança com síndrome de Down nestas brincadeiras revelaram que ela apresentava condições concretas e latentes para as brincadeiras conjuntas. Mesmo falando pouco ou não falando, repetindo o comportamento de outras crianças, deixando-se levar pelas imposições dos colegas, etc., ela parecia se favorecer com esta participação, pois adquiria um repertório maior de temas e ações lúdicas para a representação de seus personagens solitários ou em conjunto com um ou mais colegas da classe especial.
Conforme o conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky, constatamos que na brincadeira conjunta há condições maiores da criança com déficit intelectual se desenvolver a partir do que aprende com o outro, que lhe dá sugestões ou até mesmo a conduz ou, simplesmente, quando ela tem como suporte para a brincadeira as lembranças de suas observações das ações entre os indivíduos no cotidiano e dos colegas em suas brincadeiras.
A análise dos resultados obtidos destacou que a criança parece Ter dificuldades de dar continuidade às ações na interpretação do papel porque o seu entendimento da realidade por via direta é pouco eficiente, portanto, falta-lhe metodologias educacionais que enfatizem atividades que venham mediar sua interação com a realidade sócio-cultural mais pautadas em uma via não-verbal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KISHIMOTO, Tizuko M. O jogo, a criança e a educação. Tese ( Livre Docência em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo: São Paulo: USP, 1992.
KISHIMOTO, Tizuko M. (Org.). jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
MENDES, Enicéia Gonçalves. Deficiência mental: a construção científica de um conceito e a realidade educacional. Tese ( Doutorado em Psicologia). Instituto de Psicologia. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo - USP, 1995.
VYGOTSKII, L. S. Obras completas tomo cinco: Fundamentos de defectologia. Trad. Lic. Ma. Del Carmen Ponce Fernández. Habana: Pueblo y Educación, 1989. 336p.
VYGOTSKY, Lev. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Trad. José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 4 Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Capítulo 7, O papel do brinquedo no desenvolvimento.
VYGOTSKY, Lev S.; LURIA, Alexander R.; LEONTIEV, Alexis N. linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, Trad. Maria da Penha Villalobos. 5. Ed. São Paulo: Ïcone, Edusp, 1988. 228p.

MANUAL PARA ELABORAÇÃO DE MONOGRAFIAS


LISTA DE ABREVIATURAS A Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT fixou a norma NBR-10522 em outubro de 1988 com o objetivo de uniformizar abreviaturas, em português, na redação de documentos em geral, especialmente monografias, conforme alguns exemplos apresentados no quadro a seguir:
TERMOS ABREVIATURAS abril abr. acompanhamento acomp. adaptação adapt. adaptado (a) adapt. adaptador adapt. agosto ago. altitude alt. anônimo anôn. artigo art. autor (es) A., AA. bibliografia bibliogr. capítulo (s) cap. citação cit. citado (a) cit. co-edição co-ed. coordenador (a) coord. datilografado datil. dezembro dez. dicionário dic. direção, diretor (a) dir. dissertação diss. e outros et.al. e seguintes (et sequens) et.seq. edição, editado(a), editor (a) ed. encadernação, encadernado(a) enc. enciclopédia encicl.
fac-similar, fac-símile (s) fac-sim, fac-sím. fevereiro fev. figura fig. folha f. folha de rosto f. rosto folheto folh. fotografia (s) fot. glossário gloss. governo gov. gráfico (s) graf. gravado, gravador (a) grav. gravura grav. hora h. ibidem (no mesmo lugar) ibid. idem id. ilustração, ilustrado (a) il. imprensa, impressão impr. indexado index. índice ind. introdução intr. isto é i.e. janeiro jan. julho jul. junho jun. lugar citado loc.cit. manuscrito ms. março mar. não numerado não numer. não paginado não pag. nota do autor N.A. nota do editor N.Ed. nota da redação N.Red. nota do redator N.Red. nota da tradução N.Trad.
nota do tradutor N.Trad. novembro nov. numerado numer. número n. obra citada op. cit. observação obs. organização, organizador(a) org. original orig. outubro out. página p. página de rosto p. rosto paginação pág. parte pt. pesquisa pesq. por exemplo p. ex. prefácio pref. processo proc. professor (a) Prof. pseudônimo pseud. publicação, publicado publ. referência ref. reimpressão reimpr. relatório relat. reprodução, reproduzido reprod. resumo res. revisado, revisor (a) rev. século séc. seguinte seg. segundo s. sem data s.d. sem lugar de publicação s.l. (sine loco) sem nome de editor (a) s.n. (sine nomine) sem nome de publicador (a) s.n. (sine nomine) separata sep.
série ser. setembro set. sumário sum. tabela (s) tab. tipografia, tipográfico tip. título tít. tomo t. tradução, tradutor (a) trad. veja tambem, ver também v. tb. vocabulário vocab. volume (s) v., Vol. xerografia, xerográfico (a) xerogr.
1. INTRODUÇÃO
Desde 1984, em função da resolução 11/84 do Conselho Federal de Educação, atual Conselho Nacional de Educação, foi instituída a obrigatoriedade da elaboração de uma monografia como trabalho de conclusão do curso de Ciências Econômicas, cujo objetivo é a elaboração um estudo que possibilite ao aluno utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Aliás, a exigência da elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como é o caso da monografia, não é exclusiva do curso de Ciências Econômicas senão que, faz parte de diversos currículos para diferentes cursos. Chega o dia em que todos os cursos superiores farão essa exigência. Destarte, este manual tem por objetivo contribuir de tal sorte que, tanto os alunos que devem elaborar sua monografia, quanto seus professores orientadores, possam encontrar subsídios que os permitam encontrar os parâmetros minimamente necessários para essa empreitada. É sabido que a elaboração de um trabalho científico, como, por exemplo, uma monografia, exige de seu autor uma boa dose de determinação e de humildade científica. Determinação para não esmorecer em nenhuma etapa do trabalho e, humildade científica para perceber que o conhecimento é algo tão amplo que nos torna muito pequenos diante do que há para saber.
2 PROJETO DE PESQUISA
A fase inicial do trabalho é a elaboração de um projeto de pesquisa. Nele serão definidos o tema e o problema a serem analisados. É no projeto que o aluno diz como chegou a origem do problema, explicitando os motivos que o levaram a abordagem do assunto. O projeto deverá conter, na medida do possível, as seguintes partes: Identificação do tema e do problema da pesquisa; Objetivos gerais da pesquisa; Objetivos específicos da pesquisa; Teorias e conceitos a serem utilizados; Hipóteses da pesquisa; Métodos e técnicas a serem utilizadas; Cronograma de atividades; Referências bibliográficas do projeto de pesquisa; Bibliografia sugerida ou a ser consultada.
A seguir, o projeto de pesquisa deve ser encaminhado ao professor orientador, para análise e eventuais alterações e/ou correções. Nesse sentido, é importante que o professor orientador se reúna, o mais rapidamente possível, com seus orientados para:
comentar o projeto de pesquisa; definir o plano de trabalho para o ano letivo; e, indicar contatos e bibliografia a ser consultada.
Cabe salientar a importância do projeto de pesquisa no processo de produção da monografia porque ele permite ao aluno definir e planejar o caminho que pretende seguir no desenvolvimento de seu estudo. Em outras palavras, é no projeto de pesquisa que se explicita as etapas, os instrumentos e a estratégia a ser adotada.
2.1 Identificação do tema e do problema de pesquisa 2.1.1 Tema O tema é, especificamente, o assunto no qual o aluno trabalhará. Assim, a escolha do tema é fundamental para que o aluno trabalhe com afinco e determinação. A primeira coisa a se fazer
é buscar um tema pelo qual se tenha uma forte atração. Deve-se evitar temas sobre os quais não se tenha esse predicado. Por outro lado, o tema escolhido deve ser algo que o aluno e seu orientador julguem de real importância no cenário científico. Temas sem importância se transformarão em monografias sem importância, o que, liminarmente, depõe contra o trabalho. A importância do tema tanto pode levar a elaboração de uma monografia de cunho eminentemente teórico, quanto prático. Finalmente, deve-se atentar para a originalidade do tema, até porque quanto maior for o grau de originalidade, tanto maior será o interesse da comunidade em relação à monografia. Isso não significa necessariamente que o tema deva ser absolutamente original, mas que a forma de tratá-lo, sim.
2.1.2 Problema
Identificado o tema, este deve ser problematizado, ou seja, transformado em um problema delimitado e específico. O problema de pesquisa deve ser entendido como uma espécie de indagação, carente de respostas, cuja solução deverá acontecer por meio de pesquisa e, se possível, de experimentação, que antecede a hipótese. Por exemplo, se o tema trata de finanças, o problema pode analisar de que forma a administração das finanças interfere no desempenho da empresa, tanto do ponto-de-vista de custos, como de lucratividade; se esse raciocínio é valido para qualquer tipo de empresa ou somente para as de médio porte; etc. Enfim, o problema deve ser suficientemente interessante e que possa propor diferentes explicações para suas causas, o que acabará por ensejar as hipóteses a ser verificadas. Importante lembrar que, ao longo da pesquisa o pesquisador deverá ter o cuidado de basear seu estudo dentro de uma ou mais linhas teóricas de modelos de crescimento ou de desenvolvimento econômico, tais como a evolução da taxa de crescimento da economia brasileira como um todo ou, setorialmente, num período dado de tempo.
2.1.2.1 Algumas sugestões para a escolha do tema e sua problematização:
Estudos conjunturais Os estudos conjunturais são elaborados a partir de modelos macroeconômicos, como por exemplo, a analise e a interpretação das fases de crescimento, recessão ou estagnação.
Estudos setoriais Tratam do levantamento e análise de um conjunto de variáveis que caracterizam um setor econômico específico. Eis alguns exemplos de estudos setoriais: a) levantamento e análise de setores da atividade econômica, em nível local, regional, nacional ou internacional; b) distribuição espacial dos vários setores da atividade econômica em nível local, regional, nacional e internacional. Estudos de mercado Analisam um conjunto de variáveis que caracterizam a procura e/ou a oferta de mercado de um produto ou de uma linha de produtos. Estudos sobre o crescimento ou desenvolvimento econômico Analisam séries de tempo, ou “cross section”, individualmente, ou no contexto vinculadas com sua aplicação prática, sem as quais o trabalho perde seu caráter científico.
2.2 Objetivos gerais da pesquisa
Ao definir o objetivo geral da pesquisa o aluno deve demonstrar que está bem informado quanto ao problema que pretende pesquisar relacionando-o em seus aspectos os mais generalizáveis. Em outras palavras, trata-se de identificar a sua ocorrência em âmbitos mais gerais do que aquele que foi dimensionado pela pesquisa; assim como relacionar as diferentes formas de soluções adotadas para o encaminhamento da resolução do problema em questão. Tais informações auxiliarão o pesquisador não só a dimensionar o problema através da comparação com sua incidência em âmbito mais geral, quanto avaliar a possibilidade de utilização ou rejeição de soluções já confirmadas em outros momentos. Portanto, os objetivos gerais de uma pesquisa devem tratar de uma visão panorâmica sobre um determinado problema comum a várias situações.
2.3 Objetivos específicos da pesquisa
Quando da definição dos objetivos específicos de sua monografia, o aluno deve preocupar-se com as particularidades de sua pesquisa ou do caso que está estudando. Note-se que agora a situação é mais particular que no item anterior, até porque é mais limitada e claramente definida e cujo escopo é dar respostas para questões do tipo “por que” ou “para que” ou “para quem” se destina à pesquisa.
2.4 Teorias e conceitos a serem utilizados na pesquisa
Todo trabalho científico baseia-se em teorias e conceitos. Assim, o desenvolvimento da monografia pressupõe o domínio e a compreensão dessas teorias e conceitos por parte do aluno. Na verdade, trata-se de uma espécie de memória científica dos assuntos que foram tratados durante o curso de Ciências Econômicas. Toda pesquisa deve ser precedida desse embasamento teórico-conceitual, que, por sua vez, dará a necessária sustentação ao trabalho. Funciona como uma espécie de alicerce da obra. Aliás, a argumentação não pode e não deve prescindir do embasamento teórico-conceitual.
2.5 Hipóteses da pesquisa
Definir o que é uma hipótese não é tarefa simples. Na verdade, diversos autores buscaram defini-la através de suas principais características. Assim, – “hipótese é uma proposição enunciada para responder tentativamente a um problema” (PARDINAS apud LAKATOS; MARCONI, 1991: 123); – “A hipótese de trabalho é a resposta hipotética a um problema para cuja solução se realiza toda a investigação” (BOUDON; LAZARSFELD apud LAKATOS; MARCONI, 1991: 123); – “A hipótese é uma tentativa de explicação mediante uma suposição ou conjuntura verossímil, destinada a ser provada pela comprovação dos fatos” (ANDER-EGG apud LAKATOS; MARCONI, 1991: 123). Dessa forma percebe-se que a hipótese é uma espécie de proposta de solução de um problema a ser investigado e ela pode ser, ao final, verdadeira ou falsa. Sua principal contribuição é sugerir explicações para os fatos objeto da pesquisa. GIL (1998), lembra que há hipóteses casuísticas, isto é as que garantem que alguma coisa ocorre em determinado caso, como por exemplo, quando Max Weber diz que a ética protestante acabou contribuindo para a formação do espírito capitalista. Ainda uma vez, há as hipóteses que tratam da freqüência de acontecimentos, tais como as que estão presentes em pesquisas econômicas como, por exemplo, que o nível de emprego caiu em certa época ou período definido pelo pesquisador. Finalmente, GIL (1988) nos lembra das hipóteses que relacionam determinadas variáveis, tais como: países economicamente desenvolvidos apresentam baixos índices de analfabetismo. Em outras palavras é uma relação do tipo “se temos A , então poderá ocorrer B “.
2.6 Métodos e técnicas
A falta de prática da pesquisa científica torna a escolha dos métodos e das técnicas um dos pontos frágeis para o desenvolvimento da investigação acadêmica. Sabe-se de várias definições utilizadas para expressar o que significam, porém, Galliano sugere de forma bastante sintética, que “método é um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim” (GALLIANO, 1986: 6). Dessa maneira, método é entendido como uma espécie de planejamento, uma estratégia para alcançar um determinado resultado que pressupõe um ordenamento seqüencial, cujas etapas facilitam atingir o objetivo almejado. Por outro lado, Galliano (1986), diz que “técnica é o modo de fazer de forma mais hábil algum tipo de atividade, arte ou ofício” (GALLIANO, 1986: 6), compreendida por um conjunto de operações (artística, científica ou industrial) que utiliza instrumentos ou materiais considerados importantes para cumprir as etapas planejadas. Comparativamente pode-se dizer que método corresponde à estratégia de uma atividade ao estabelecer quais as etapas a serem vencidas ordenadamente para que se alcance um fim, enquanto que a técnica corresponde à tática quando indica o como fazer. Por exemplo: na guerra pode-se dizer que a adoção de uma estratégia (planejamento) acertada pode levar à vitória, enquanto que a tática (recursos técnicos) adequada permite ganhar uma batalha. Isto porque, “um mesmo método permite a utilização de técnicas distintas; entre elas, porém, haverá uma mais adequada do que as demais” (GALLIANO, 1986: 8). No caso das pesquisas científicas, métodos e técnicas são tão próximos e complementares que, via de regra, são confundidos. Cabe lembrar ao aluno que se torna pouco útil o acesso aos diversos tipos de recursos tecnológicos (computadores, bibliotecas) para o desenvolvimento de sua monografia se, antes disso, ele não souber planejar e decidir o que quer pesquisar. Assim sendo, inicialmente é necessário estabelecer a estratégia para depois utilizar a tática.
2.6.1 Métodos de abordagem e de procedimento
Eva Maria Lakatos (1991), costuma fazer uma classificação interessante ao estabelecer distinções entre os métodos de abordagem e os de procedimento. Para ela:
Métodos de Abordagem são aqueles que tratam o problema de pesquisa em nível de abstração mais elevado, ou seja, se caracterizam por abordagens mais amplas. São eles: o método indutivo e o método dedutivo. – Método indutivo é assim denominado devido ao fato de que a investigação de coisas particulares podem conduzir ao conhecimento de uma verdade geral. Portanto, considera-se que existe verdade nas coisas, na realidade, no universo, cabendo ao homem descobri-la, através do uso da razão, para construir o conhecimento científico nas diferentes áreas. Há autores que consideram a indução como sendo responsável pelo conhecimento por experiência ou experimentação. Ela se elevaria dos fatos às leis científicas. Por exemplo: a necessidade de controlar o vírus HIV objetivando encontrar solução para os portadores de AIDS. Se, dentre as hipóteses de solução existentes, alguma delas conseguir controlar o problema através de experimentações e de comprovação, então esse conhecimento, restrito à situação da pesquisa, poderá ser generalizado a outras circunstâncias semelhantes (portadores do vírus HIV), sob a forma de teoria. Em Economia pode-se exemplificar a indução dizendo que: o aumento da carga tributária reduz a renda disponível e logo a demanda, o que por sua vez ajudaria a conter a inflação. – Método dedutivo é assim denominado porque demonstra que de uma ou de várias proposições tidas como verdadeiras (teorias científicas comprovadas), é possível verificá-las em uma circunstância semelhante (situação que está sendo estudada), através da utilização do raciocínio lógico dedutivo ou demonstrativo. Trata-se de uma cadeia de raciocínios que considera uma fórmula geral como referência para explicar uma situação particular (especial). Seria a tentativa de solucionar problemas com o auxílio de teorias e leis, comprovadamente reconhecidas, para predizer a ocorrência em fenômenos específicos. Exemplo: todas as empresas capitalistas buscam maximizar os lucros. Como a Exxon é uma empresa capitalista, então ela maximiza lucros. Métodos de Procedimento são responsáveis pelo desenvolvimento de etapas mais concretas da pesquisa, portanto, são mais explicativos e menos abstratos. São eles: Método Histórico, Método Comparativo, Método Estatístico. – Método histórico: parte do princípio que os fenômenos atuais têm sua origem determinada no passado, daí a importância de compreende-los a partir de suas raízes. Dessa forma, torna-se possível verificar as formas atuais do fenômeno e detectar-lhes possíveis influências sofridas ao longo do tempo. – Método comparativo: realiza comparações com o propósito de verificar semelhanças e explicar diferenças. Pode ser usado tanto para comparar conjuntos no presente, quanto no
passado ou entre os atuais e os antigos. Normalmente é usado em observações de largo alcance, tais como o desenvolvimento da sociedade capitalista ou de diferentes fases da atividade econômica. – Método estatístico: é o que busca reduzir os fenômenos econômicos, sociológicos ou políticos a termos quantitativos e de manipulação estatística, o que permite comprovar as correlações dos fenômenos e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
2.6.2 Técnicas
As técnicas compõem o conjunto de procedimentos que serão utilizados na elaboração da monografia. São elas que permitem o autor decidir “como fazer” seu trabalho. As técnicas se distinguem do método porque um mesmo método permite a utilização de várias técnicas. Uma dessas técnicas é a pesquisa documental onde o aluno poderá usar dados primários ou secundários na elaboração de sua monografia. Seguem-se alguns exemplos de fontes de dados primários: Bibliotecas públicas ou particulares; Sindicatos patronais ou de empregados; Órgãos do governo (Ministérios, Secretarias, Banco Central); Fundações (Fipe, Dieese); Federações (da indústria, do comércio); Alem disso, há as fontes de dados secundários. Nesse sentido, seguem-se alguns exemplos: Obras escritas ou eletrônicas; Jornais; Revistas; Internet. Outra técnica é a entrevista, ou seja, o contato direto do pesquisador com seu informante. O objetivo é conseguir informações diretas que corroborem na execução do trabalho. A entrevista pode ser dirigida ou livre, de acordo com as necessidades do pesquisador. Por sua vez, o questionário é muito interessante para a pesquisa de campo e pode conseguir dados para a análise estatística ou econométrica. técnica bastante utilizada nos estudos de caso.
2.7 Cronograma de atividades
Quando da elaboração de um projeto de pesquisa deve-se informar qual será o cronograma de atividades, explicitando as etapas e as datas em que serão executadas.
2.8 Referências bibliográficas do projeto de pesquisa
Todas as obras e dados consultados para a elaboração do projeto de pesquisa deverão constar do mesmo, obedecendo o padrão recomendado neste Manual no item 5.
2.9 Bibliografia a ser consultada
Neste item incluem-se as obras e as fontes que poderão ser utilizadas durante a elaboração da monografia e não só do projeto de pesquisa. O fato de indicar uma obra, não significa que esta será, necessariamente, utilizada.
3 MONOGRAFIA
A palavra monografia (monos graphéin) nos sugere a elaboração de um texto elaborado por uma única pessoa. No caso do curso de Ciências Econômicas, é um trabalho exigido legalmente desde a Resolução 11/84 do então CFE. Assim como uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutoramento também são trabalhos monográficos, vale ressaltar que as monografias exigidas dos estudantes de graduação são mais simples e menos especializadas que as anteriores, até porque as dissertações e as teses são exigências dos cursos de pósgraduação strictu sensu. A monografia consiste num processo dissertativo para a explanação de idéias sobre um determinado tema devidamente problematizado. Destarte, o processo dissertativo se subdivide em dois: expositivo e argumentativo. No processo expositivo, o autor deve expor as idéias sobre as quais tem amplo domínio – seu objetivo é o de informar. No processo argumentativo, a intenção do autor é mais abrangente, porque ele busca convencer o leitor sobre a correção de sua hipótese. Evidentemente, como nos lembra Hübner, é condição necessária que a monografia tenha “precisão, clareza e encadeamento lógico a respeito de um tema de relevância social e
científica” (HÜBNER, 1998:20). Assim, todo trabalho científico apresenta, normalmente, uma estrutura composta pela introdução, pelo desenvolvimento e pela conclusão do tema.
4 REDAÇÃO DA MONOGRAFIA
4.1 Estilo de redação
A linguagem científica caracteriza-se por ser impessoal, informativa e técnica. Portanto devese evitar expressões como “eu penso”, “parece-me”, “como todo mundo sabe”. Um parágrafo exprime uma unidade de raciocínio e quando esta muda, deve-se abrir um novo parágrafo. Exemplos: Este trabalho procura demonstrar / Este trabalho procura abordar / Esta monografia tem como objetivo / O objetivo deste trabalho / Este trabalho tem o intuito de / O presente trabalho visa mostrar / Este trabalho foi elaborado para testar. O capitulo I descreve / mostra / analisa / examina / investiga. / procura demonstrar. A partir dos anos 50, verificou-se no Brasil / Os dados mostraram que / Este argumento evidencia / Como foi demonstrado / com os dados da tabela 5 conclui-se que.
4.2 Cuidados com a redação
Deve-se tomar alguns cuidados na redação da monografia, tais como: Simplicidade – Deve-se utilizar vocabulário de uso corrente; deve-se preferir a ordem direta dos termos na oração; e, deve-se evitar períodos muito longos. Clareza – As idéias devem ser expostas explicitamente, sem ambigüidade e duplo sentido. Precisão – Devem ser usadas palavras adequadas; deve-se evitar palavras com sentido impreciso.
4.3 Citações
As citações são partes de textos utilizados na pesquisa bibliográfica e tem como função reforçar e/ou completar a idéia do pesquisador. É indispensável citar a fonte de onde foi extraída a citação, indicando, entre parêntesis, o sobrenome do autor (maiúsculas), ano da publicação e o número da página (estes dois separados por “dois pontos”). Caso o nome do
autor venha declarado no texto, coloca-se o ano da publicação e o número da página, entre parênteses. Nas citações originárias de revistas e/ou jornais, em que não há condições de identificar a autoria do texto, cita-se a revista e/ou o jornal, seu número e/ou data de publicação. Deve-se evitar as citações referentes a assuntos amplamente divulgados, rotineiros ou de domínio público, bem como a publicações de natureza didática, como as monografias e apostilas, que reproduzam em forma resumida os trabalhos originais. Nestes casos, é aconselhável consultar o original. Isto não impede que sejam citados trabalhos didáticos quando eles oferecem contribuições originais. Os alunos podem e devem consultar trabalhos didáticos para verificar como outros autores desenvolveram seus temas.
4.4 Tipos de citações
A citação direta é uma cópia literal do texto. Transcrevem-se geralmente, leis, decretos, regulamentos, fórmulas científicas ou trechos de obras. O tamanho da citação determinará sua localização no trabalho. Se a citação tiver até três linhas, virá incorporada ao parágrafo, entre aspas duplas. As citações com mais de três linhas ficarão abaixo do parágrafo, em bloco, com início sob a linha anterior, a quatro cm à direita da tabulação, em espaço simples. Ao final da citação indica-se o autor, o ano de publicação e a página da qual foi conseguida a referência. Exemplo: (ANTUNES, 1997: 62). A citação indireta é a reprodução das idéias de um autor citado, sem sua transcrição. Enquanto que no caso anterior transcreve-se literalmente o texto, neste caso utiliza-se a idéia ou a linha de raciocínio. Então a referência ao autor será feita citando-se seu sobrenome em maiúsculas, seguido do ano de publicação da obra entre parêntesis. Por exemplo: CAMARGO (1984), pensa que. A citação de citação é a menção de um documento ao qual não se teve acesso diretamente. Ocorre quando o pesquisador encontra uma citação dentro de uma obra que está consultando (portanto, indiretamente). Neste caso, deve-se proceder da seguinte forma: .segundo PEREIRA apud CAMARGO, “a tributação é muito importante” (PEREIRA apud CAMARGO, 1985:34). Importante lembrar que a citação de citação só deve ser utilizada em casos extremos. O ideal é consultar a própria fonte.
4.5 Localização das Citações
As citações podem aparecer no texto ou em nota de rodapé.
5. ELEMENTOS DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Seguindo as determinações da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, na norma NBR-6023/2002, as referências bibliográficas representam o conjunto de elementos que permitem a identificação de documentos consultados pelo pesquisador para a elaboração de seu trabalho cientifico, e servem de fonte de pesquisa para novas investigações. É fundamental que o pesquisador elabore uma lista de referências bibliográficas e a insira no final da redação de seu trabalho, em página separada, com o título REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS alinhado à esquerda, em letras maiúsculas, tamanho 16, fonte times new roman e negrito. As obras deverão ser listadas em ordem alfabética. 5.1 São três os elementos essenciais das referências bibliográficas, que permitem a identificação de qualquer documento: 1. Sobrenome do (s) autor (es), prenome (s). 2. Título da publicação (em negrito) subtítulo (sem negrito). 3. Número da edição. 3.1 local da publicação: 3.2 nome da editora, 3.3 ano da publicação. Exemplos de elementos essenciais nas referências bibliográficas: a) Obras produzidas por um, dois ou três autores: BARAZAL, Neusa Romero. Yanomami um povo em luta pelos direitos humanos. São Paulo: EDUSP, 2001. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 4ed. São Paulo: Atlas, 1981. MUSGRAVE, Richard A.; MUSGRAVE, Peggy B. Finanças Públicas teoria e prática. São Paulo: Editora Campus, 1980. VASCONCELLOS, Marco A. Sandoval de; GREMAUD, Amaury P.; TONETO JUNIOR, Rudnei. Economia Brasileira Contemporânea para cursos de economia e administração. São Paulo: Atlas, 1996. b) Obras com mais de 3 autores: (deve-se mencionar um autor seguido da expressão et al.)
COOK, A. C., et al. Full cost pricing I the multiproduct firm. Victoria: Economic Record, 1956, v.32, n.3. c) Obras produzidas por entidades coletivas (órgãos governamentais, empresas, institutos, congressos, conferências, etc.): nestes casos deve-se citar inicialmente a entidade responsável pela obra, cujo nome deve ser escrito por extenso. Seguem-se alguns exemplos: EMPRESA GOIANA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Relatório técnico 1981. Goiânia: 1982. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Faculdade de Veterinária. Histórico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense Diagnósticos da situação. Niterói: 1980. BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Carrapato, berne e bicheira no Brasil. Brasília: 1984. CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 35 , 1988, Belém. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 1988. d) Referências obtidas em TCCs (trabalhos de conclusão de curso), dissertações de mestrado, teses de doutoramento ou de livre-docência: ALVAREZ, Ramon Barazal. O principio da eqüidade tributaria e o tratamento dado às pequenas empresas. Dissertação de Mestrado, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo: 2000. e) Artigo de jornal assinado: PINTO, J. N. Programa explora tema raro na TV. O Estado de São Paulo, São Paulo: 8.2.1975, caderno 2, p.7. SIMÕES, Gilda N. A educação da vontade. O Estado de São Paulo, São Paulo: 31.10.1976, Suplemento Cultural, p.2. f) Artigo de jornal não assinado: Economista recomenda investimento no ensino. O Estado de São Paulo, São Paulo: 24.5.1977, p.21. g) Artigo de revista assinado: VIEIRA, Marceu. O ataque da receita. Revista Época, Rio de Janeiro: 28.08.2000, ano III, n.19, p. 99. h) Artigo de revista não assinados: Procede-se como no item “f”. i) Meio Eletrônico (obras consultadas on line):
MOURA, Gevilacio A. C. de. Citações e referências a documentos eletrônicos. Disponível em: http://www.elogica.com.br/users/gmoura/refere/html . Acesso em 22.01.2003,
16:30:20. POLÍTICA. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa. Lisboa: Priberam Informática, 1998. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlDlpo. Acesso em : 8 mar. 1999. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais em matéria de meio ambiente.In: Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. Disponível em : http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm. Acesso em : 8 mar 1999. CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos. Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
http://www.propesc.ufpe.br/anais/anais.htm. Acesso em: 21 jan. 1997. SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos. Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
http://www.propesc.ufpe.br/anais/anais/educ/ce04.htm. Acesso em 21 jan. 1997. j) CD-ROM: FARHAT, Sa d. Dicionário parlamentar e político. São Paulo, Melhoramentos, 1996. 1 CD-Rom GUNCHO, M. R. A educação à distância e a biblioteca universitária. In: SEMINÁRIO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 10., 1998, Fortaleza. Anais. Fortaleza: Tec Treina, 1998. 1CD-ROM. MORFOLOGIA dos antrópodes. In: ENCICLOPÉDIA multimídia dos seres vivos. [S.I.]: Planeta DeAgostini, c1998. CD-ROM 9. l) Entrevistas pessoais: MELLO, Dirceu de. Entrevista concedida pelo Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. São Paulo, 21.4.1998. m) Documentos jurídicos; eventos; imagens em movimento; documentos sonoros; autor entidade e autoria desconhecida: Consultar norma ABNT NBR-6023: 2002. 5.2 Quando necessário, acrescentam-se elementos complementares à referência com o intuito de facilitar a identificação de documentos. São eles: quantidade de páginas que compõe a obra; coleção; intervalo de página consultado; indicador de responsabilidade (organizador); indicador de tradução (tradutor) e ISBN. Exemplos:
GOMES, L.G.F.F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998. 137 p., (Coleção Antropologia e Ciência Política, 15). Bibliografia: p. 131-132. ISBN 85-228-0268-8. PINHO, Diva Benedives; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de (Org). Manual de Economia Equipe de Professores da USP. São Paulo: Saraiva, 1998. HERSKOVITS, Melville J. Antropologia Cultural Man and his works. Tradução por Maria José de Carvalho e Hélio Bichels. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1973. 5.3 Podem ocorrer, em alguns casos, falhas de dados tipográficos e, para tanto, sugerem-se os seguintes recursos: s.l. = sem local (sine loco); s.n. = sem editora (sine nomine); s.l., s.n. = sem local e sem editora; s.d. = sem data; s.n., s.d. = sem editora e sem data;
6 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
A monografia deve ter no mínimo 50 (cinquenta) laudas, contadas a partir da introdução até as considerações finais (ou conclusão). Além disso, deve manter uma estrutura definida com o objetivo de tornar claro ao leitor os pontos principais da investigação, bem como de sua fundamentação. A seguir indicamos a sequencia da estrutura da monografia: Capa Página de rosto Dedicatória Página de agradecimentos Sumário Lista de tabelas Lista de quadros Lista de gráficos Lista de abreviaturas Resumo Abstract Introdução Capítulos
Considerações Finais ou Conclusão Referências Bibliográficas Glossário Anexos
6.1 Capa
Deve conter os dados identificadores da instituição de ensino, o título do trabalho e o local e o ano de produção. Não é numerada e nem conta para a numeração das páginas da monografia. Deve obedecer a cor determinada pela Coordenação de Monografias para aquele ano letivo. Obs.: quando da encadernação, deve-se atentar par a “lombada”. Modelo: CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS
A ECONOMIA DO BRASIL SANTO ANDRÉ SP 2003
6.2 Página de rosto
Depois da capa, o leitor deve encontrar uma página em branco, seguida da página de rosto da monografia, cujo modelo vem a seguir:
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS A ECONOMIA DO BRASIL NOME DO(A) ALUNO(A) Número do(a) aluno(a)
Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Centro Universitário Fundação Santo André, como exigência regimental para a obtenção do título de bacharel em Ciências Econômicas. Professor Orientador: Nome completo do Professor
6.3 Dedicatória
É de caráter facultativo. De preferência deve ser concisa e evitar detalhes. Segue-se um modelo: Dedicada aos meus pais.
6.4 Página de Agradecimento
A página de agradecimento é de caráter facultativo. Dirige-se a instituições ou a pessoas, a critério do autor. Possui somente o texto de agradecimento que, em espaço dois, deve ficar situado na parte direita inferior da página. Modêlo: agradeço a todos os que contribuíram para a realização deste trabalho.
6.5 Sumário
O sumário é colocado no início do trabalho após a dedicatória e os agradecimentos. Inicia-se pelas listas de tabelas/quadros/figuras, de abreviaturas; segue-se pelo resumo, abstract, introdução, capítulos e considerações finais (conclusão); e, termina pelas referências bibliográficas, glossário e anexos. A numeração das páginas deve ser feita em algarismos romanos minúsculos (i; ii; iii; iv; v; etc.) desde a lista de tabelas até o abstract. A partir da introdução, a numeração deverá ser em algarismos arábicos (1; 2; 3; etc.) até o final do trabalho (anexos). Em ambos os casos os números devem aparecer no alto da página e a direita.
6.6 Lista de tabelas/quadros/gráficos
Ao longo do texto cada tabela/quadro/gráfico deve ser identificada por um título e pela fonte de onde foi extraída (se for o caso). O título deve estar no alto alinhado pela esquerda, enquanto que a fonte deve estar abaixo, alinhada pela esquerda. Na lista de tabelas/quadros/gráficos, todas as tabelas deverão ser ordenados numericamente com números romanos maiúsculos.
6.7 Lista de figuras
Ao longo do texto cada figura (diagramas, mapas e ilustrações) deve ser identificada por um título e pela fonte de onde foi extraída (se for o caso). O título deve estar no alto alinhado pela esquerda, enquanto que a fonte deve estar abaixo, alinhada pela esquerda. A lista das figuras deve ser ordenada numericamente e relacionada com números romanos maiúsculos.
6.8 Lista de abreviaturas e siglas
Relacionam-se numa única lista as abreviaturas e as siglas, em ordem alfabética, que foram utilizadas no decorrer do texto, com seus respectivos significados.
6. 9 Resumo
O resumo deve apresentar, de forma concisa, a essência da monografia, indicando a natureza do problema analisado, a metodologia utilizada e as principais conclusões. Deve ter uma lauda e é obrigatório. 6.10 Abstract É o mesmo texto do resumo, porém em inglês. Sua apresentação também é obrigatória.
6.11 Introdução
Como visto anteriormente, a introdução tem por objetivo apresentar o trabalho ao leitor de forma sintética. O autor explicará as razões que o levaram a escolher o tema e os objetivos que perseguiu durante a investigação. Mostrará, ademais, como o trabalho será desenvolvido, sua seqüência lógica. São as seguintes as idéias que deverão constar da introdução: Inicialmente o tema de ser apresentado, identificando o problema de forma clara, situando-o no tempo e no espaço. Deve-se justificar a escolha do tema, indicar a metodologia utilizada, bem como outros pontos que o autor considerar relevantes. Em seguida, deve-se mostrar, por capítulos, como o assunto será desenvolvido, quais seus os pontos principais, as deduções mais importantes, até chegar-se à conclusão.
6.12 Desenvolvimento
O desenvolvimento da monografia é um processo que forma o corpo principal do trabalho. Nele o tema e o problema são apresentados de forma sistemática, lógica e coerente. Dessa forma, o corpo do da monografia divide-se em capítulos, que são subdivididos em subcapítulos, segundo a necessidade. Cada capítulo e subcapítulo levarão um título e subtítulo, respectivamente. É recomendável que a redação de cada capítulo e subcapítulo seja precedida das seguintes providências: separar o material que será usado; ler e analisar o material separado; definir, em ordem cronológica, as idéias que serão desenvolvidas; redigir os capítulos e os subcapítulos.
6.13 Considerações Finais ou Conclusão
Nas considerações finais (conclusão) faz-se o fechamento dos argumentos que foram analisados nas fases anteriores, para expor ao leitor os resultados alcançados. Nela o autor manifesta seus pontos de vista sobre os resultados da pesquisa, sintetizando os argumentos que o levaram a aceitar, ou rejeitar a hipótese. É nesse momento que o autor deve propor soluções ou encaminhamentos para uma eventual seqüência da tratativa do assunto objeto da monografia. É importante que nas considerações finais (conclusão), o autor faça as devidas ligações como que foi apresentado na introdução, de tal sorte a evidenciar sua preocupação com a seqüência lógica do trabalho.
6.14 Referências Bibliográficas
Aqui deve-se relacionar, de forma completa, a documentação utilizada para a pesquisa, de acordo com as sugestões das páginas 16 e seguintes deste Manual.
6.15 Glossário
Trata-se de uma relação de termos técnicos ou palavras incluídas no texto cujo significado necessita de esclarecimentos. Apresenta-se ao final do trabalho após as Referências
Bibliográficas e antes dos anexos – em ordem alfabética. Sua finalidade é a de facilitar a compreensão do texto, especialmente no que diz respeito a termos técnicos ou palavras de uso específico.
6.16 Anexos
Os anexos são as informações que, no parecer do autor, são importantes para fundamentar o trabalho. Pode-se colocar nos anexos, entre outros, tabelas com dados suplementares, entrevistas, questionários, leis e outros documentos importantes. Os anexos devem ser apresentados na ordem que aparecem no trabalho com a página respectiva (Anexo 1 pg.45; Anexo 2 pg. 58; etc.). Vale lembrar que os anexos devem aparecer ao final do trabalho, após as Referências Bibliográficas. Neste caso, a numeração segue o padrão do corpo da monografia.
7 APRESENTAÇÃO ESTÉTICA DA MONOGRAFIA
Os aspectos formais do trabalho monográfico devem ser padronizados para homogeneizar a sua apresentação. São eles:
7.1 Papel
A monografia deve ser impressa em papel formato: A-4 (297mm x 210mm).
7.2 Digitação
O texto deve ser digitado de um só lado do papel, na cor preta, em espaço 1,5 (um e meio), utilizando-se espaço dois (dois) nas passagens de parágrafo e entre o texto e tabelas, figuras e citações longas, bem como entre os títulos, subtítulos e o texto. Usa-se a fonte times new roman, tamanho 12. O início de parágrafos se dá a 2,5 cm da margem esquerda.
7.3 Margens
Margem superior: 3 mm. Margem esquerda: 3 mm.
Margem inferior: 2 mm. Margem direita: 2 mm.
7.4 Numeração das páginas
A numeração das páginas não considera a capa, folha de rosto, a dedicatória, agradecimentos, e o sumário. Todas as demais contam. A numeração das páginas das listas deve ser feita com algarismos romanos minúsculos (i,ii,iii.iv,v, etc.) desde a lista de tabelas até o abstract. A partir da introdução até os anexos, devem ser numeradas com algarismos arábicos (1,2,3,4,5). O número deverá ser colocado à direita e ao alto da página.
7.5 Títulos e subtítulos
Cada capítulo deve começar em nova página. Seu título deve ser alinhado pela esquerda, em letras maiúsculas, fonte times new roman, em negrito, tamanho 16. Os subtítulos, também em negrito, devem estar em letras minúsculas, excetuando-se a primeira, a partir da margem esquerda. Neste caso usa-se tamanho 14.
7.6 Notas de rodapé
As notas de rodapé destinam-se a prestar esclarecimentos adicionais, comprovar ou justificar uma informação, ou fazer ligações com outras partes do texto. Também há situações em que as notas de rodapé apresentam referências bibliográficas. Nesses casos, utiliza-se o sistema numérico de identificação no texto e no rodapé. Exemplo: No texto: De acordo com as novas tendências da jurisprudência brasileira, é facultado ao magistrado decidir sobre a matéria. No rodapé: Vide abaixo.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e documentação. Referências e elaboração. Rio de Janeiro, ago.2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informação e documentação. Citações em documentos. Apresentação. Rio de Janeiro, Ago.2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR. 6032. Abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas. Rio de Janeiro, ago.1989. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10522. Abreviação na descrição bibliográfica. Rio de Janeiro, out.1988 AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 4ed. Piracicaba: Editora Unimep, 1996. GIL, Antonio Carlos. Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Atlas, 1988. HÜBNER, Maria Martha. Guia para elaboração de monografias e projetos de dissertação. São Paulo: Pioneira, 1998. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 2ed. São Paulo: Atlas, 1990. . Metodologia científica. 2ed. São Paulo: Atlas, 1991. MARTINS, Gilberto de A. ; LINTZ, Alexandre: Guia para elaboração de monografias e trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Atlas, 2000. MONTEIRO, Gilson. Guia para a elaboração de projetos, trabalhos de conclusão de curso (TCCs), dissertações e teses. São Paulo: Edicon, 1998. MUSSE, Luciana Barbosa. Normas para apresentação de monografia. São Bernardo do Campo: Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, 1999. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997. SÁ, Elisabeth S. de. et al. Manual de normalização de trabalhos técnicos, científicos e culturais. 2ed. Petrópolis: Vozes, 1996. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21ed. São Paulo: Cortez Editora, 2000. VIEIRA, Sonia. Como escrever uma tese. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1991.
9 ANEXOS ANEXO I: Endereços da Internet Entidade Endereço ABNT Associação www.abnt.org.br Brasileira de Normas
Técnicas Banco Central do www.bcb.gov.br Brasil Bireme Centro www.bireme.br/P/pDescr.htm Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde Britsh Council E-mail: saopaulo@britcoun.org.br Capes Fundação www.capes.gov.br Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPq Conselho www.cnpq.br Nacional de Desenv. Científico e Tecnológico Comissão Fulbrigth E-mail:fulbrigth@ibase.br Comissão para o Intercâmbio fulb@omega.incc.br Educacional entre os EUA e o Brasil Comut Programa www.ct.ibict.br:8000/comut/html/principal.htm de Comutação Bibliográfica Conselho de Reitores www.crub.org.br/crubinfo.htm das Universidades Brasileiras Conselho Regional www.crasp.com.br de Administração CRA – SP Curso de www.pucsp.br/areas/cursos/admempr.html Administração PUC/SP Curso de www.unesp.br/scripts/prograd/prograd Administração Pública da Unesp Daad Serviço www.daad.de Alemão de E-mail: daad.rj@nc-rj.rnp.br intercâmbio Acadêmico Depto de www.unb.br./admin/pa100000.html Administração da Universidade de Brasília Faculdade de www.ufrj.br/facc Administ.e Ciências Cont. da UFRJ
Fapesp Fundação www.fapesp.br de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FBB Fundação E-mail: fbb@fbb.org.br Banco do Brasil FEA/USP //143.107.92.81 Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade FGV Fundação www.fgvsp.br Getúlio Vargas FIA USP //143.107.92.81/Fia/index.htm Fundação Instituto de Administração Finep Financiadora www.finep.gov.br de Estudos e Projetos Fipe-USP www.fipe.com.br Fundação Instituto de Pesquisas Econ. Foundation Center www.fdncenter.org Fundação “O www.boticario.com.br Boticário” de Proteção a Natureza Fundação Ford www.fordfound.org Fundação Rockfeller www.rockfound.org Fundação Vitae E-mail: vitae@dialdata.com.br e vitae@brfapesp.bitnet Fundação W. K. www.WKKF.org Kellog Fundap Fundação E-mail: fundap@.eu.ansp.br do Desenvolv. Administrativo Gazeta Mercantil www.gazetamercantil.com.br www.gazeta.com.br/webnews Ibama Instituto www.ibama.gov.br E-mail: Brasileiro do Meio linhaverde@sede.ibama.gov.br Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Fundação www.ibge.gov.br Inst. Brasileiro de Geografia e Estatística IBICT Instituto antares.ibict.br Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia IEA Instituto de www.usp.br/geral/infusp/iea.html Estudos avançados E-mail: iea@org.usp.br Instituto de Estudos www.usp.br/iea Avançados da USP Ipea Instituto de www.ipea.gov.br Pesquisa Econômica Aplicada Jornal da USP E-mail: jornausp@edu.usp.br Ministério da www.mare.gov.br Administ. Federal e Reforma do Estado (Maré) Ministério das www.dct.mre.gov.br/dftr Relações Exteriores MIT Massachusetts web.mit.edu Institute Technology Peterson s Guide www.petersons.com Pibic/CNPq www.cnpq.br/pibic/index.html Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica RAE-FGV/SP www.fgvsp.br/public/rae/home.htm Revista de Administração de Empresas da FGV/SP Rausp Revista de www.usp.br/fea/adm/rausp/p1.htm Administração da Universidade de São Paulo SBPC Sociedade www.sbpcnet.org.br Brasileira para o Progresso da Ciência SCTDE Secretaria eu.amsp.br/ sctdesp da Ciência ,Tecnologia e Desenvolvimento Econômico SEADE Fundação www.seade.gov.br Sistema Estadual de Análise de Dados/SP Sebrae Serviço www.sebrae.com.br ou www.sebrae.org.br EBrasileiro de Apoio mail: agsorocaba@sebraesp.com.br às Micro e Pequenas Empresas Sindicato dos www.crasp.com.br
Administradores Sistema Integrado de www.usp.br/sibi/sibi.html ou Bibliotecas da www.usp.br/sibi/sibiconv.html Universidade de São Paulo TV Cultura Programa www.tvcultura.com.br/resguia/portug/guia1.htm Nossa Língua Portuguesa Universidade de São www.usp.br Paulo Universidade Federal www.bu.ufmg.br de Minas Gerais Fonte: MARTINS, Gilberto de A.; LINTZ, Alexandre: Guia para elaboração de monografias e trabalhos de conclusão de curso. Atlas. São Paulo. 2000. p.84. ANEXO II: Pesquisa Inteligente na Internet Sinal/Termo ” ” (aspas) Utilização Exemplo Para definir uma frase na “Presidente Fernando ordem desejada Henrique Cardoso”. Assim evitam-se resultados como O presidente foi à Rua Cardoso Para conseguir respostas comunis* trará textos que comecem com parte relacionados a, por de uma palavra exemplo, comunismo e comunista Para eliminar uma salada-tomate trará sites que palavra ou frase no contenham a palavra salada, resultado porém sem o ingrediente tomate Para que a palavra t: FHC trará sites que seguinte ao símbolo t: contenham no título a sigla apareça no título do site FHC pesquisado Para que a palavra u: FHC trará sites que seguinte ao símbolo u: contenham a sigla FHC no faça parte do endereço do endereço do site, tais como site pesquisado www.fhc.com.br ou www.buscar.com.br/fhc.htm Para achar duas ou mais sapato e tênis e sandália palavras em uma mesma página Para achar qualquer uma sapato ou tênis ou sandália das palavras digitadas
* (asterisco)
- (menos)
t: antes de digitar uma palavra u: antes de digitar uma palavra
e (ou and)
ou (ou or)
não (ou not)
Para pesquisar textos que bolsas não valores contenham uma palavra, localizará sites que mas não a outra apresentem a expressão bolsas, mas não apresentem a expressão bolsas de valores Near Para encontrar Chocolate Manteiga near documentos que tragam bolo para trazer receitas de palavras próximas uma bolo de chocolate, mas não das outras em cerca de receitas para chocolate com até 10 palavras manteiga ( ) (parênteses) Para agrupar frases (chocolate AND manteiga) complexas AND (bolo OR torta) pode trazer tanto resultados com as palavras chocolate e manteiga e bolo ou com as palavras chocolate e manteiga e torta Fonte: Saiba como pesquisar na Internet. Folha de São Paulo. Caderno de Informática. 27/10/1999. p.6. apud MARTINS, Gilberto de A.; LINTZ, Alexandre: Guia para elaboração de monografias e trabalhos de conclusão de curso. São Paulo. 2000. p87.
ANEXO III: Revistas e Periódicos
Fonte: MARTINS, Gilberto de A. ; LINTZ, Alexandre: Guia para elaboração de monografias e trabalhos de conclusão de curso. Atlas. São Paulo. 2000. p.89.

Fonte: http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/manual-para-elaboracao-de-monografias/